Casa cheia, falta de oportunidades e dificuldade financeira. Essa difícil realidade é um cenário comum nas áreas mais humildes do país, e no Ceará isso também não é diferente. Vivendo na comunidade Pio XII, situada no bairro São João do Tauape, em Fortaleza, Dona Raimunda Nonato, 64, enfrentou essa realidade a vida toda, sem descanso.
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“Eu já passei muita necessidade na minha vida. Sofri muito quando minha mãe morreu, porque eu fui criado pela mão dos outros. Apanhava muito, penava muito, sofri muito. Eu fui trabalhar em uma casa de família, apanhava, apanhava dos filhos da mulher. Tudo isso pra poder viver, porque eu não tinha onde viver. Aí eu tinha que aguentar. Tenho três filhos, sete netos e a minha vida é essa”, relembrou a idosa.
São pessoas como Dona Raimunda que, na maior parte das vezes, não têm acesso a grandes oportunidades, e nem a uma melhor realidade. Esses brasileiros, após um período de crise econômica, agravada pela pandemia de Covid-19, somam mais de 33 milhões vivendo com insegurança alimentar (IA).
No Ceará, apesar de todas as medidas tomadas ao longo dos anos pandêmicos, a realidade não é diferente. De acordo com estudo do Instituto de Pesquisa e Estatística Econômica do Ceará (Ipece), 26,3% do domicílios cearenses têm moradores vivendo em IA grave.
Não poupando esforços para colocar comida no prato dos cearenses, nasce o Pacto por um Ceará Sem Fome, do Governo do Ceará. O programa conta com o envolvimento do poder público, das organizações da sociedade civil e da iniciativa privada em prol de uma única causa: o combate a esse problema social crônico.
Luta contra a fome
O Ceará Sem Fome é a principal política pública da nova gestão do Governo do Ceará. O governador Elmano de Freitas ressaltou a importância de cumprir essa promessa de campanha, ainda mais por ser um propósito de âmbito nacional. “Eu disse na campanha que ainda faríamos uma grande campanha pelo Ceará sem fome, e estamos colocando em prática”.
“Nós vamos investir mais de R$ 160 milhões por ano pra garantir que as famílias cearenses tenham o cartão no valor de R$ 300 para aquelas famílias que recebem renda per capita abaixo de R$ 168”, destacou o governador. O cartão do Ceará Sem Fome, que poderá comprar apenas alimentação, será entregue às mães das famílias que estão em insegurança alimentar grave, que em sua grande maioria , historicamente, são as responsáveis pela sobrevivência da família.
Dona Raimunda é uma dessas mães, que o trabalho incerto do marido faz com que ela tenha que, além de ser dona de casa e cuidar do netos, trabalhar para fora – lavando e passando roupas – aos 64 anos, para complementar a renda da família. No entanto, segundo a idosa, antes de políticas públicas como o Bolsa Família e o Vale Gás, as coisas eram bem piores.
“A gente morava em dois compartimentos para dois adultos e dois meninos. Quando eu comecei com ele, eu não tinha nem o que cozinhar. Vivia às custas da mãe dele, que ajudava. Mas ainda hoje, aqui e acolá ainda passamos apertado, porque quem tem neto pequeno, é difícil. Muita dificuldade mesmo. Mas se a gente já chegou aqui, estamos caminhando”, contou Raimunda. “Eu recebo o Bolsa Família e o Vale Gás. Esses benefícios ajudaram muito, melhorou muito a nossa vida. Eu luto de um lado, ele (marido) luta do outro para não faltar alimentação, mas esses benefícios são importantes”, completou.
A presidente do Comitê Intersetorial do Pacto por um Ceará Sem Fome e primeira-dama, Lia de Freitas, fez questão de destacar que o programa parte da junção de políticas públicas já existentes no Estado, que, inclusive, são exemplos para todo o país.
“O Ceará Sem Fome vem unir todas as ações de combate à pobreza dos últimos governos do Estado do Ceará, e principalmente ações do Governo Federal, como o Bolsa Família”, exemplificou a primeira-dama. “Estamos no processo de execução, por meio da Secretaria de Proteção Social, onde está sendo feito o credenciamento dos estabelecimentos comerciais, para essas famílias já poderem utilizar os seus cartões, para além do combate à fome, poder girar a economia dos nossos municípios”, completou.
Foram entregues, na última sexta-feira (16), mais de 40 mil cartões Ceará Sem Fome. A ação, que é uma das frentes do programa junto à criação da Rede de Unidades Sociais Produtoras de Refeições, beneficiará mais de 200 mil pessoas nos 184 municípios cearenses. Somadas as duas frentes, o Governo do Ceará investirá R$ 184 milhões até dezembro de 2023.
“Esse é um investimento do Governo do Ceará, são recursos estaduais. Estamos mais do que satisfeitos com a colaboração do presidente Lula, por meio do Bolsa Família e dos R$ 150 reais a mais por criança, mas entendemos que o Ceará tinha que dar um passo à frente. Já tínhamos o programa Mais Infância, o Vale Gás e nós agora estamos fazendo esse cartão alimentação para um Ceará sem fome na casa das famílias cearenses”, concluiu o chefe do Executivo cearense.
O Seu Antônio Ferreira, de 62 anos, marido da Dona Raimunda, comemorou saber que sua família será uma das beneficiadas pela ação. Sobrevivendo de bicos como garçom, reforçou que o cartão fará diferença no dia a dia. “Eu espero que possa nos ajudar muito, essa é a esperança, porque esses benefícios sempre vem para melhorar”, afirmou.
Esperança em um futuro melhor
Vindos de uma realidade tão difícil, desde jovens, a Dona Raimundo e o Seu Antônio têm a esperança de que a vida dos netos seja diferente. Com políticas públicas se fortalecendo em diversas áreas, eles já conseguem enxergar um futuro melhor para quem eles amam. “Eu espero que meus netos estudem, e que melhorem com o estudo. Eu tive muita vontade de estudar, mas eu nunca tive [oportunidade]. Espero que tenham uma vida diferente da minha, que foi difícil”, pontuou a idosa.
Emocionado, Antonio contou que espera que os netos tenham uma vida menos sofrida que eles, e que tenham oportunidades de crescimento. “Eu espero que eles tenham um crescimento profissional, uma profissão valorizada, uma uma profissão que possa sustentar a família deles [quando chegar a hora]”, pontuou. “E que sejam bem felizes”, finalizou.