O ministro da Educação, Abraham Weintraub, informou neste sábado (18) que notas do Enem foram divulgadas com erros.
O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) liberou na sexta-feira (17) os resultados individuais da última edição do exame. À noite, participantes começaram a relatar nas redes sociais estranhamento com as notas.
Weintraub publicou vídeo na manhã deste sábado nas redes sociais em que assume a falha. “Encontramos inconsistências na contabilização e correção da segunda prova do Enem”, disse.
O ministro disse que o impacto em número de candidatos foi pequeno, mas não detalhou a dimensão do problema. Quase 4 milhões de pessoas participaram do exame.
“Um grupo muito pequeno de pessoas teve o gabarito trocado quando foi [sic] fechado os envelopes”, disse.
Mais tarde, o presidente do Inep, Alexandre Lopes, disse que quatro casos de erros foram confirmados e as falhas podem chegar a 1% dos candidatos, ou seja, cerca de 39 mil pessoas.
Entretanto, o órgão admite que só terá dimensão real do problema na própria segunda, porque as equipes vão continuar a analisar os arquivos em busca de problema. Lopes concedeu entrevista sozinho, sem a presença do ministro, apesar de Weintraub ter estado no Inep na manhã de sábado para gravar o vídeo publicado.
O erro aconteceu na identificação dos candidatos e da respectiva cor de sua prova. Todos os candidatos fazem a mesma prova, mas há versões diferentes, com itens em ordem diversa, identificadas por cores. Assim, o candidato fez a prova de uma cor, mas o sistema a corrigiu como se ele tivesse feito de outra.
A falha ocorreu na gráfica que imprimiu as provas, segundo o presidente do Inep.
Em março do ano passado, a gráfica que imprimia o Enem desde 2009, a RR Donnelley, faliu. O governo preferiu contratar a segunda colocada na última licitação ao invés de fazer novo certame. A gráfica Valid foi então contratada para o serviço, mesmo sem ter experiência em serviços parecidos com o Enem.
Funcionários do Enem relataram ao longo do ano os riscos de haver problemas com a gráfica, o que foi minimizado pelo governo.
“Houve inconsistência no gabarito de algumas provas do Enem 2019 e, por isso, candidatos foram surpreendidos com os resultados de suas notas”, escreveu o ministro, na publicação do vídeo. Ele prometeu corrigir as falhas até segunda-feira.
Weintraub havia comemorado em diversas ocasiões que a última edição do exame, a primeira sob o governo de Jair Bolsonaro, havia sido a melhor de todos os tempos por falhas não terem sido registradas.
No entanto, uma imagem da prova havia vazado horas enquanto os candidatos ainda faziam a prova. Apesar da falha de segurança, o ministro afirmou na época que a divulgação da imagem não prejudicou o andamento do exame.
Na sexta-feira (17), o ministro criticou a Folha ao afirmar que reportagens publicadas pelo jornal levantavam dúvidas sobre a boa realização do exame.
A permanência de Weintraub no MEC em 2020 foi colocada em dúvida por vários aliados do governo. Bolsonaro, entretanto, confirmou sua permanência até agora.
Notas
As notas no exame dão acesso às vagas em universidades federais e a programas como o ProUni (Programa Universidade para Todos) e o Fies (Financiamento Estudantil).
Os estudantes podem consultar o desempenho na prova desde a manhã desta sexta. O acesso às notas é feito pela página do participante ou no aplicativo do Enem.
O acesso exige login com CPF e senha. Para quem esqueceu a senha, o sistema permite recuperá-la —o código cadastrado é enviado para o email do participante.
Os estudantes terão acesso às pontuações da redação (que varia de 0 a 1.000) e de cada uma das quatro áreas do conhecimento da prova: linguagens, ciências humanas, ciências da natureza e matemática.
Como o Enem é elaborado com a chamada TRI (Teoria da Resposta ao Item), as notas de cada área do exame não refletem apenas a quantidade de itens certos. O desempenho do participante depende também de quais questões foram assinaladas corretamente.
Fonte: Folhapress