O procurador-geral de Justiça do Ministério Público do Estado (MPCE), Plácido Rios, rebateu as críticas do deputado estadual, André Fernandes (PSL), sobre o suposto “vazamento” da denúncia encaminhada por ele, no último dia 14, em que acusa o deputado, Nezinho Farias (PDT), de envolvimento com facção criminosa. Em entrevista ao Diário do Nordeste, o chefe do MP defendeu que não havia motivos para decretação de sigilo da denúncia e disse que o órgão ainda não abriu investigação por falta de provas.
Em entrevista coletiva para a imprensa, na manhã desta segunda-feira (24), André Fernandes reclamou da atuação do MP por não ter mantido o sigilo da denúncia.
Fico triste com esse acontecimento. Solicitamos que fosse encaminhada de forma sigilosa, em um envelope lacrado e carimbado na nossa frente, cumprindo mais uma vez o Código de Ética”
O procurador-geral de Justiça, Plácido Rios, disse que houve um “equívoco” por parte de André Fernandes e afirmou que não havia necessidade de estabelecer o sigilo nas informações apresentadas. A denúncia foi encaminhada à Procuradoria de Justiça dos Crimes contra a Administração Pública (Procap).
Em regra geral, todas as informações que se portam à instituição são públicas, a não ser que, de alguma forma, precisemos tomar essa medida, no intuito de evitar que a gente não consiga coletar uma prova, resguardar a segurança da pessoa que está denunciando. Via de regra, a pessoa apresenta a denúncia e ela está à disposição da sociedade em geral, não houve vazamento”
Sem investigação
Embora considere a denúncia “gravíssima”, Plácido Rios disse que o deputado do PSL não apresentou provas no documento, apenas “ilações” e, por isso, o MP ainda não abriu investigação. O chefe do órgão disse que convidou Fernandes para prestar depoimento e apresentar novos elementos à denúncia. Ele, porém, não informou a data.
“Na verdade, as provas que vêm a corroborar a denúncia, elas foram colhidas de outros meios de comunicação, foi uma interpretação feita pelo deputado, que eu respeito, porém, não nos dão a condição mínima para proceder uma investigação. Estamos aguardando que ele apresente mais (elementos)”.
Denúncia
Na denúncia, composta por documento de três páginas, Fernandes sustenta que, a partir de “informações trazidas” por fontes não citadas, a campanha eleitoral de Nezinho teria sido financiada pela organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
Em troca, o pedetista teria apresentado projeto de lei na Assembleia Legislativa para regulamentar jogos eletrônicos, que serviria para “lavagem de dinheiro” da facção por meio do “jogo do bicho”.
Nezinho nega qualquer envolvimento com facções criminosas e afirmou ter entregue ao MP-CE autorização para quebra do seu sigilo bancário e telefônico.
Por Leticia Lima
Fonte: Diário do Nordeste