O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi preso em casa na manhã deste sábado (22) e levado à sede da Polícia Federal (PF) em Brasília. A prisão preventiva — sem prazo determinado — foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após indícios de que o ex-presidente tentava fugir. Bolsonaro passará por audiência com um juiz neste domingo (23).
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⚖️ Prisão e justificativas da decisão
A prisão foi solicitada pela Polícia Federal e recebeu parecer favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR). A decisão, segundo Moraes, não está relacionada à condenação de Bolsonaro a 27 anos e 3 meses por tentativa de golpe de Estado, ainda em fase de recursos, mas sim ao descumprimento de medidas cautelares.
Entre os pontos considerados pelo ministro como indicativos de plano de fuga estão:
• Violação da tornozeleira eletrônica, registrada às 0h08 deste sábado;
• Vigília convocada pelo senador Flávio Bolsonaro em frente ao condomínio do pai, o que, segundo Moraes, poderia dificultar a fiscalização;
• Possibilidade de que manifestações fossem usadas novamente para gerar tumulto e atrapalhar ações de autoridades;
• Proximidade do condomínio do ex-presidente com o Setor de Embaixadas Sul — cerca de 13 quilômetros, distância percorrida em menos de 15 minutos;
• Histórico de tentativas anteriores de fuga, como o planejamento de pedido de asilo na Embaixada da Argentina, já identificado em investigações anteriores;
• Referência a casos recentes em que parlamentares aliados — Alexandre Ramagem, Carla Zambelli e Eduardo Bolsonaro — deixaram o país para evitar medidas judiciais.
Moraes afirmou que a convocação de Flávio Bolsonaro “indica a possível tentativa de utilização de apoiadores para obstruir a fiscalização da prisão domiciliar”.
🚓 Como foi a detenção
Bolsonaro foi preso por volta das 6h deste sábado. Segundo relatos de agentes presentes, ele reagiu com tranquilidade.
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro não estava na residência no momento da ação.
O comboio chegou à sede da PF às 6h35. Após procedimentos de praxe, Bolsonaro foi encaminhado à Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal, onde ficará em uma Sala de Estado, espaço destinado a autoridades de alto escalão — semelhante à sala ocupada por Lula em Curitiba entre 2018 e 2019.
Agentes do Instituto Médico-Legal (IML) foram à unidade para realizar o exame de corpo de delito, evitando exposição pública do ex-presidente.
A PF confirmou, em nota, o cumprimento do mandado de prisão preventiva expedido pelo STF.
📍 Descumprimento de cautelares e histórico da prisão domiciliar
Bolsonaro estava em prisão domiciliar desde 4 de agosto. A medida havia sido imposta por Moraes após o ex-presidente descumprir restrições impostas em razão de publicações e conteúdos disseminados por meio de perfis de aliados, incluindo três de seus filhos parlamentares.
Segundo o ministro, essas mensagens continham incentivos a ataques ao STF e apoio à intervenção estrangeira no Judiciário brasileiro.
🩺 Defesa pede prisão domiciliar humanitária
Na véspera da prisão, a defesa de Bolsonaro apresentou ao ministro Alexandre de Moraes um pedido para substituir o regime fechado por prisão domiciliar humanitária. Os advogados alegaram que o ex-presidente apresenta:
• “Quadro clínico grave”;
• “Múltiplas comorbidades”;
• Risco à saúde em caso de transferência para o sistema prisional comum.
A defesa afirmou ainda que vai recorrer da condenação de 27 anos e 3 meses.
Próxima etapa: audiência neste domingo
Bolsonaro passará por audiência de custódia neste domingo (23), quando um juiz avaliará:
• A legalidade da prisão;
• As condições do detido;
• A necessidade de manutenção da prisão preventiva.
Até o momento, não há previsão de transferência do ex-presidente para outro local.
Por Pedro Villela, de Brasília









