Um amplo estudo publicado nesta segunda-feira (10) na revista científica britânica British Medical Journal (BMJ) concluiu que não há qualquer evidência que estabeleça vínculo entre o uso de paracetamol durante a gravidez e o surgimento de transtornos do espectro autista (TEA) em crianças.
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A pesquisa desmonta a afirmação feita pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que recentemente sugeriu a existência de tal relação, sem apresentar comprovação científica.
🔍 Revisão científica detalhada
De acordo com o artigo, “os dados atualmente disponíveis são insuficientes para confirmar um vínculo entre a exposição ao paracetamol no útero e o autismo, assim como o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade durante a infância”.
O estudo, classificado como uma “revisão guarda-chuva”, reuniu e analisou dados de diversas pesquisas anteriores sobre o tema, oferecendo o panorama mais completo e preciso até o momento. A análise apontou que muitos dos trabalhos anteriores tinham qualidade científica “baixa” ou “extremamente baixa”, não levando em conta fatores como predisposição genética ou condições de saúde da mãe.
💊 Uso seguro durante a gestação
O paracetamol — comercializado sob marcas como Tylenol e Panadol — é amplamente indicado como analgésico seguro para gestantes, diferentemente da aspirina e do ibuprofeno, que oferecem riscos comprovados ao feto.
Após as declarações de Trump, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reiterou que não há evidências científicas de uma ligação entre o medicamento e o autismo, posição agora reforçada pelo novo estudo.
🧠 Questionamentos anteriores
O artigo cita, entre outros, um estudo publicado em 2025 na revista Environmental Health, frequentemente usado como base pelo governo Trump. Embora o estudo tenha encontrado correlação entre o uso de paracetamol e casos de autismo, seus próprios autores alertavam que não era possível estabelecer relação de causa e efeito.
Os pesquisadores ressaltam que as observações feitas até hoje não permitem diferenciar se os efeitos observados decorrem diretamente do uso do medicamento ou de outras condições de saúde que motivaram seu consumo.
🧑⚕️ Reação da comunidade científica
A publicação da BMJ foi amplamente elogiada por especialistas. O professor Dimitrios Sassiakos, do departamento de Obstetrícia da University College London, destacou que o estudo “é baseado em uma metodologia de alta qualidade que confirma o que especialistas repetem em todo o mundo”.
A comunidade médica reforça que o consenso permanece: não há base científica que justifique restringir o uso do paracetamol por gestantes, desde que administrado conforme orientação médica.
Por Aline Dantas










