Aos 41 anos, a professora Sara Carolina de Barros jamais imaginou que seria vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC), condição frequentemente associada a idosos. No final de setembro, ela precisou ser atendida na Unidade de AVC (UAVC) do Hospital Regional do Cariri (HRC), em Juazeiro do Norte, equipamento da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). O caso chama atenção para uma realidade preocupante: o AVC tem atingido cada vez mais pessoas jovens.
Curta, siga e se inscreva nas nossas redes sociais:
Facebook | X | Instagram | YouTube | Bluesky
Sugira uma reportagem. Mande uma mensagem para o nosso WhatsApp.
Entre no canal do Revista Cariri no Telegram e veja as principais notícias do dia.
Em 2024, 21% dos pacientes internados na UAVC tinham menos de 55 anos. De janeiro a setembro de 2025, esse índice já chega a 17%. Para o neurologista João Igor Landim, o estilo de vida atual está diretamente ligado ao crescimento desses casos entre adultos jovens.
⚠️ Estilo de vida contemporâneo aumenta os riscos
Segundo o especialista, hábitos prejudiciais vêm impactando a saúde cerebral da população.
“Sedentarismo, má alimentação, estresse crônico, uso de álcool, drogas ilícitas, tabagismo e sono irregular têm aumentado casos de hipertensão, diabetes, obesidade e alterações no colesterol, fatores de risco clássicos para AVC também em jovens”, explica João Igor.
Além disso, o médico destaca ainda causas não tradicionais associadas ao AVC em adultos jovens, como:
• Doenças autoimunes e inflamatórias
• Cardiopatias estruturais
• Trombofilias hereditárias
• Uso de contraceptivos hormonais
🚑 Sintomas exigem atendimento imediato
O AVC acontece quando o fluxo de sangue é interrompido para uma parte do cérebro. Os sintomas aparecem de forma súbita e exigem reconhecimento rápido.
“Perda de força em um dos braços, alteração na sensibilidade, fala enrolada, confusão mental, visão dupla, tontura e desequilíbrio são sinais de alerta”, orienta o neurologista.
Foi uma situação súbita como essa que viveu o marido de Sara, Thiago Sampaio.
“Ela estava deitada, de repente não respondia mais. Pensei que estivesse brincando. Liguei para meu irmão, que é enfermeiro, e ele mandou levar imediatamente para o hospital”, contou.
O tratamento precisa ser rápido. Segundo o médico, existe um intervalo de até 4h30 após o início dos sintomas para aplicação do trombolítico, medicamento que dissolve o coágulo e reduz sequelas.

💪 Reabilitação faz diferença na recuperação
Sara chegou ao HRC em estado grave. Segundo a fisioterapeuta Lívia Landim, ela estava tetraplégica quando deu entrada.
“Ela só conseguia mexer os olhos. Iniciamos imediatamente estímulos no tronco para evitar rigidez muscular e preservar funções”, explicou.
A fisioterapia começou já nas primeiras 24 horas, seguindo protocolo adotado no hospital. A coordenadora do serviço, Suianne Soares, destaca: “Utilizamos eletroestimulação (EENM) associada a outros métodos. Isso acelerou o ganho de força e melhorou o prognóstico.”
Sara recebeu alta caminhando com ajuda e segue em reabilitação.
🧠 Jovens também podem ter AVC
Para o neurologista João Igor, a recuperação em adultos jovens tende a ser mais rápida, mas a prevenção é fundamental.
“A reabilitação precoce e um estilo de vida saudável são essenciais. Controlar fatores de risco é o primeiro passo para evitar um AVC”, alerta.
A fisioterapeuta Lívia reforça o impacto social: “Nosso objetivo é devolver o paciente à vida ativa — ao trabalho, à rotina e à família. Com Sara não foi diferente. Trabalhamos contra o tempo.”
Por Fernando Átila










