Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Stanford, na Califórnia, e publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, apontou que a adoção do horário padrão ao invés do horário de verão poderia evitar milhões de casos de doenças crônicas nos Estados Unidos, em especial obesidade e acidente vascular cerebral (AVC).
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🔬 O que o estudo avaliou
A pesquisa utilizou um modelo computacional para calcular a chamada carga circadiana — impacto das diferentes políticas de tempo sobre o ritmo biológico humano. Foram analisadas três situações:
• Horário padrão o ano todo.
• Horário de verão permanente.
• Mudança semestral entre os dois.
O ritmo circadiano, conhecido como “relógio biológico”, regula funções físicas e comportamentais em ciclos de 24 horas. Alterações nesses ciclos, como as provocadas pela mudança de horário, podem gerar distúrbios do sono, transtornos cognitivos, risco cardiovascular e até aumentar o número de acidentes de trânsito.
📊 Resultados principais
Segundo os cálculos dos cientistas, manter o horário padrão durante todo o ano evitaria:
• 2,6 milhões de casos de obesidade.
• 300 mil casos de AVC.
Já o horário de verão permanente também traria ganhos, mas em menor proporção:
• 1,7 milhão de casos de obesidade a menos.
• 220 mil AVCs evitados.
“É como um bilhete de loteria: o risco pode parecer pequeno, mas quando 350 milhões de pessoas passam pela mesma mudança no mesmo dia, alguém acaba sofrendo as consequências”, explicou Jamie Zeitzer, professor de psiquiatria em Stanford e coautor do estudo, em entrevista à Live Science.
Metodologia e limitações
O modelo considerou condições ideais de sono e trabalho:
• Rotina de sono das 22h às 7h.
• Jornada laboral das 9h às 17h, de segunda a sexta, em ambientes iluminados.
Foram incluídos dados de doenças crônicas como artrite, câncer, doença pulmonar obstrutiva crônica, depressão, diabetes e doenças coronarianas. Fatores socioeconômicos, como hipertensão, plano de saúde e desemprego, também entraram na análise.
Entretanto, os autores reconhecem limitações, já que nem toda a população segue essas rotinas.
🇺🇸🇨🇦 Contexto nos EUA e Canadá
Atualmente, os EUA e o Canadá adotam o horário de verão. Em 2025, os relógios foram adiantados em uma hora no dia 9 de março, na Costa Leste (incluindo Nova York e Washington). O período se encerra em 2 de novembro, durante o outono no Hemisfério Norte.
🇧🇷 Debate no Brasil
No Brasil, o horário de verão está suspenso desde 2019, mas o Ministério de Minas e Energia (MME) afirma que “o tema é permanentemente avaliado”.
No ano passado, 26 cientistas da área de cronobiologia publicaram um manifesto contra a retomada da medida. Para eles, “os malefícios à saúde provocados por essa mudança superam os supostos benefícios econômicos esperados”.
Historicamente, o horário de verão foi criado para economizar energia, alinhando atividades humanas ao ciclo da luz solar. Porém, os especialistas defendem que os ritmos biológicos humanos são ajustados naturalmente à luz e à escuridão, regulando funções essenciais como sono, apetite e humor.
Por Fernando Átila










