Um dia após os protestos em todas as capitais do país contra a anistia e a chamada PEC da Blindagem, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), declarou nesta segunda-feira (22) que chegou o momento de “tirar da frente todas essas pautas tóxicas”.
Curta, siga e se inscreva nas nossas redes sociais:
Facebook | X | Instagram | YouTube | Bluesky
Sugira uma reportagem. Mande uma mensagem para o nosso WhatsApp.
Entre no canal do Revista Cariri no Telegram e veja as principais notícias do dia.
As manifestações de domingo foram uma reação à aprovação da proposta que busca blindar parlamentares de processos judiciais e à urgência concedida ao projeto de lei da anistia.
“É chegado o momento de tirarmos da frente todas essas pautas tóxicas. Talvez a Câmara dos Deputados tenha tido, na semana passada, a semana mais difícil e mais desafiadora. Mas este presidente que vos fala… nós decidimos que vamos tirar essas pautas tóxicas porque ninguém aguenta mais essa discussão”, disse.
Reforma e economia no centro da agenda
Motta afirmou que o Brasil precisa discutir “o que realmente importa”, citando a reforma administrativa, o Imposto de Renda e a segurança pública como prioridades. Ele disse ainda que a votação da isenção do IR para quem recebe até R$ 5 mil deve ocorrer na próxima semana.
As declarações foram dadas durante um evento do mercado financeiro em São Paulo. Questionado sobre os protestos, Motta ressaltou que tanto os atos contra quanto os a favor da anistia mostram que a “democracia segue mais viva do que nunca”.
“Isso demonstra que a nossa população está nas ruas defendendo aquilo que acredita, e eu tenho um respeito muito grande pelas manifestações populares.”
Críticas à “pauta do conflito”
O presidente da Câmara reclamou da forma como a imprensa cobre os trabalhos legislativos, dizendo que conquistas importantes ficam em segundo plano diante do noticiário sobre embates políticos.
“O Parlamento tem conseguido aprovar matérias importantes que acabam não tendo muita visibilidade porque a pauta que vemos o noticiário liderar é sempre a pauta do conflito.”
Segundo ele, é preciso “olhar pra frente” e adotar uma agenda que não fique presa a polarizações.
Projeto da anistia
Em relação ao projeto da anistia, cuja urgência foi aprovada, Motta classificou a medida como uma “saída política boa para o país”. Ele disse reconhecer o papel do Judiciário no episódio de 8 de janeiro de 2023, mas defendeu que apenas os envolvidos diretamente em atos violentos ou na organização de ataques devem ser punidos.
“É inadmissível que isso volte a acontecer. Essas pessoas têm que ser punidas, mas é preciso que o embate eleitoral aconteça em outra seara, não na penal, que gera instabilidade institucional.”
O presidente destacou que o relator, deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), ainda vai apresentar o texto final, mas que a ideia é propor uma construção “dentro das regras legais”.
Bastidores políticos
A votação da PEC da Blindagem e da urgência da anistia ocorreu após um acordo entre o Centrão e parlamentares bolsonaristas, selado em agosto, quando houve protestos contra a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Na ocasião, Motta contou com o apoio de Arthur Lira (PP-AL) para pacificar o impasse. Enquanto o Centrão pressiona pela PEC da Blindagem — que pode barrar investigações contra mais de 80 parlamentares no STF —, os bolsonaristas defendem a anistia de Bolsonaro.
Segundo Motta, a intenção agora é avançar sem alimentar polarizações: “Eu acho que se estão os dois lados insatisfeitos é porque estamos no caminho certo.”
Por Pedro Villela, de Brasília










