A Polícia Militar do Piauí exonerou do cargo um comandante após divulgação de áudio em que o oficial defendia que seus homens “descessem as cordas” (no jargão policial é a morte) de criminosos durante confronto.
O coronel Edwaldo Viana Lima, 55, comandante da Polícia Militar de Picos, cidade a 306 km de Teresina, envolveu-se em polêmicas após um empresário da cidade ser morto em tentativa de assalto.
O próprio comandante fez a gravação e anunciava que estava “prestando contas”. Ele informava que tinha identificado os assaltantes e garantia: “Eu quero que eles reajam, eu sempre vou usar aquela minha frase, reagiu tem que descer as cordas”.
No áudio, o coronel disse ainda que as “leis beneficiam a bandidagem” e indicou que defende a morte deles. “Minha equipe só vai parar quando pegar eles vivos ou mortos, porque bandidos dessa característica, covardes, não têm condições de serem pegos vivos”, apontou.
Descer as cordas é uma gíria policial relacionado ao fato de que ao enterrar uma pessoa, muitos cemitérios usam cordas para descerem os corpos na sepultura.
Após a divulgação do áudio, o comando da Polícia Militar determinou a exoneração de Edwaldo. Ao tomar conhecimento do seu afastamento, na última terça-feira (7), o coronel gravou um áudio em tom de desabafo. Ele atribuía a sua exoneração a “forças políticas” e que saia de cabeça erguida.
Em entrevista, Edwaldo alegou ter sido surpreendido com a exoneração e que fez afirmações no calor dos acontecimentos. O oficial afirmou que vai entregar o cargo hoje na sede da PM em Teresina.
“A população é que vai julgar. Sou contra tortura, nunca torturei ninguém, mas defendo que em combate é preciso descer as cordas”
Edwaldo Viana Lima, comandante exonerado da Polícia Militar
Edwaldo afirmou ter sido convidado para assumir um batalhão na capital piauiense, mas afirmou não ter aceitado. Ele confirmou que pediu licença especial de seis meses e que será pré-candidato a prefeito em Picos. Ele ainda não tem partido definido.
O comandante da Polícia Militar do Piauí, coronel Lindomar Castilho, disse que o afastamento de Edwaldo faz parte de um rodízio no cargo. “A mudança de comando faz parte de nossa carreira. Há uma estratégia de estar sempre mexendo com os comandos para dar condições que outros possam comandar”.
Ao ser questionado sobre a polêmica do áudio, Lindomar avaliou que as declarações de Viana foram no calor da emoção, mas defendeu que a PM não é para “descer as cordas” ou fazer justiça com as próprias mãos.
Fonte: UOL