O Ceará caminha para se tornar zona livre de aftosa sem vacinação a partir de 2021 com reconhecimento nacional pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e em 2022 pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). Para alcançar esse status faltam duas campanhas de imunização (uma em novembro próximo e outra em maio de 2020) e que nelas a meta de 90% seja alcançada. Atualmente, o Estado é zona livre da doença com vacinação.
A mudança de status para zona livre sem vacinação trará importante impacto para a economia regional, beneficiando os produtores rurais. “Não somos exportadores de carne, mas há produtos derivados de origem animal e vegetal, além de animais vivos de alta qualidade genética que poderemos comercializar sem restrições”, observa o coordenador do Programa Estadual de Erradicação da Aftosa, o médico veterinário Joaquim Sampaio Barros.
Ele pondera que não há como quantificar em recursos financeiros o impacto na economia estadual a partir da mudança do status atual mas garante avanços. “Os negócios vão crescer, haverá maior volume de venda com preços bem melhores com benefício para o setor agropecuário”, explicou. O prazo final de declaração da vacinação da campanha da aftosa deste ano, terminou no último dia 16. “Vamos fechar o levantamento na próxima sexta-feira, mas até a semana passada estávamos com o índice médio de 86%”, pontuou Joaquim Barros.
O criador que não imunizou o rebanho será multado e terá a vacinação assistida por técnicos da Agência de Defesa Agropecuária do Ceará (Adagri). A multa é de R$ 22 por animal.
Em novembro, serão vacinados apenas os animais de até 24 meses. “O nosso esforço é alcançar a meta na média estadual e estamos confiantes na conscientização e participação dos criadores”, disse Sampaio. Após a campanha prevista para maio de 2020, o Ceará passará a ser auditado por técnicos do Mapa para avaliar a situação do rebanho.
Declarações
Para alcançar a meta, o Governo aguarda criadores que deixaram para declarar a vacinação de última hora, como foi o caso de José Moreira. “O importante é que vacinei o gado”, disse o criador que fez a declaração no escritório da Adagri, em Iguatu. Ele tem um rebanho de 40 cabeças de bovinos em Quixelô, ambas cidades do Centro-Sul cearense.
Já o pequeno criador Ademar Rocha reclamou da falta de divulgação da campanha que findou em maio passado. Ele não imunizou os animais. “Não ouvi falar e me descuidei”, admitiu. “Agora vou ter de pagar multa”. O criador disse ter um rebanho de 18 animais na localidade de José de Alencar, zona rural de Iguatu.
O veterinário do escritório regional da Ematerce, Mauro Nogueira, lembrou que, no começo do atual ciclo de campanha, em 2003, o Ceará enfrentava a situação de risco desconhecido para a doença. “Não havia informações”, reconheceu o especialista.
“Nesse período houve avanços significativos e muitos criadores que eram resistentes à vacinação aderiram à campanha”, concluiu.
Por Honório Barbosa
Fonte: Diário do Nordeste