O Banco Central (BC) divulgou nesta sexta-feira (10) uma carta justificando o desvio da inflação em 2024, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que alcançou 4,83%, ultrapassando o teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A meta, fixada em 3%, permitia uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, o que significa que o limite era de 4,5%.
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A alta do dólar, o aumento no preço de commodities e o aquecimento da economia foram apontados como os principais fatores para o desvio de 1,83 ponto percentual em relação à meta central. Segundo o BC, a inflação foi impactada pela inflação importada (0,72 p.p.), inércia do ano anterior (0,52 p.p.), o hiato do produto (0,49 p.p.) e expectativas inflacionárias (0,3 p.p.).
Impacto do dólar e das commodities
Entre os fatores externos, a desvalorização do real destacou-se como a principal causa da inflação importada. Em 2024, o real perdeu 19,7% de seu valor frente ao dólar, uma desvalorização superior à de moedas emergentes como a lira turca (16,8%) e o peso mexicano (15,3%). A alta do dólar adicionou 1,21 p.p. ao IPCA, enquanto as commodities contribuíram com 0,10 p.p.
Ainda assim, o impacto das commodities foi parcialmente mitigado pela queda de 5,4% nos preços internacionais do petróleo, que reduziram a contribuição desse grupo em 0,59 p.p.
Economia aquecida e inflação interna
No mercado interno, o crescimento da atividade econômica também pressionou os preços. O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 3,3% até o terceiro trimestre, e o BC projeta expansão de 3,5% em 2024. Além disso, a taxa de desemprego atingiu o menor nível histórico, 6,5% em novembro, o que contribuiu para a pressão inflacionária.
No setor de serviços, a inflação caiu de 6,22% em 2023 para 4,77% em 2024, mas ao excluir passagens aéreas, o índice subiu de 5,4% para 5,53%. Já os bens industriais, impulsionados pela valorização do dólar e pelo aumento nos preços internacionais de metais, tiveram inflação de 2,89% em 2024, ante 1,1% em 2023.
Pressões climáticas e combustíveis
A seca que atingiu o Brasil foi um dos fatores que elevaram os preços de alimentos em casa, cuja inflação saltou de uma deflação de 0,52% em 2023 para 8,22% em 2024. O aumento das exportações de carne e a alta de commodities agrícolas também contribuíram para esse cenário.
Nos preços administrados, que incluem ajustes governamentais, a inflação foi de 4,66%. Planos de saúde (7,88%) e produtos farmacêuticos (5,96%) foram os itens com maior peso. Já a gasolina registrou alta de 9,7%, impactada pela valorização do dólar, pelo aumento no custo do etanol anidro e pela elevação das alíquotas do ICMS.
Por Fernando Átila