Uma americana de 57 anos tornou-se a única pessoa no mundo atualmente viva com um rim de porco transplantado. Towana Looney, que enfrentava insuficiência renal e dependia de hemodiálise há oito anos, passou pelo procedimento inovador no mês passado e já está em casa, com sinais promissores de recuperação.
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A cirurgia foi realizada pelo NYU Langone Transplant Institute, nos Estados Unidos, como parte de um programa autorizado pelo Food and Drug Administration (FDA). O transplante foi possível graças ao uso de um rim geneticamente modificado de porco, em um processo conhecido como xenotransplante.
Towana desenvolveu insuficiência renal durante a gravidez, após complicações relacionadas à hipertensão. Ela havia doado um rim à mãe em 1999, mas anos depois tornou-se paciente renal crônica. Desde 2016, ela dependia de hemodiálise e estava na lista de espera para transplante, sem encontrar um doador compatível.
“Eu sinto como se tivesse recebido outra chance na vida. Mal posso esperar para viajar novamente e passar mais tempo com minha família e meus netos”, disse Towana em um vídeo divulgado pelo hospital.
Avanços no xenotransplante
O transplante de Towana marca mais um avanço significativo na prática do xenotransplante, que consiste na utilização de órgãos de animais em humanos. O rim que ela recebeu passou por dez modificações genéticas para reduzir o risco de rejeição e garantir sua funcionalidade no corpo humano.
Entre as alterações estão:
• Remoção de três antígenos imunogênicos, que poderiam desencadear a rejeição do órgão.
• Exclusão de um receptor de hormônio de crescimento suíno, para evitar que o órgão cresça de forma desproporcional.
• Inclusão de seis transgenes humanos, responsáveis por tornar o órgão mais compatível com o sistema imunológico do receptor.
Procedimento
A cirurgia, que durou sete horas, foi um sucesso imediato. O rim começou a produzir urina antes mesmo de Towana acordar da anestesia e está eliminando creatinina de forma eficiente, indicando o pleno funcionamento renal.
Towana teve alta hospitalar no dia 6 de dezembro e está sendo monitorada com visitas diárias ao hospital. A previsão é que ela tenha alta definitiva em três meses.
“Ela representa o ápice do progresso que fizemos no xenotransplante desde 2021. Towana é um farol de esperança para aqueles que enfrentam a insuficiência renal”, afirmou Robert Montgomery, chefe do instituto e responsável pelo procedimento.
Embora outros pacientes tenham recebido órgãos de porcos geneticamente modificados nos últimos anos, a saúde debilitada dos receptores dificultou o sucesso a longo prazo. Towana é a primeira a apresentar uma recuperação tão positiva, oferecendo esperança para milhares de pessoas na lista de espera por transplantes.
Estudos indicam que o xenotransplante pode ser uma alternativa para suprir a crescente demanda por órgãos, especialmente em casos de insuficiência renal, onde mais de 100 mil pacientes aguardam transplantes apenas nos Estados Unidos.
Por Nicolas Uchoa