O café, item indispensável na mesa de milhões de brasileiros, tem pesado cada vez mais no bolso do consumidor. Nos últimos meses, o preço do produto registrou um aumento expressivo, gerando preocupação tanto para quem consome quanto para os comerciantes. Especialistas apontam que a alta nos custos é resultado de uma combinação de fatores climáticos, econômicos e logísticos.
Curta, siga e se inscreva nas nossas redes sociais:
Facebook | X | Instagram | YouTube | Bluesky
Sugira uma reportagem. Mande uma mensagem para o nosso WhatsApp.
Entre no canal do Revista Cariri no Telegram e veja as principais notícias do dia.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), o preço médio do café em grãos subiu cerca de 18% no acumulado do ano, enquanto o produto moído registrou aumento de 15%. Além disso, em algumas regiões, o valor do pacote de 500g já ultrapassa os R$ 20, dependendo da marca e da qualidade.
Impactos climáticos e produção reduzida
O economista Eduardo Rangel explica que o principal fator para a alta é a quebra na produção nas principais regiões cafeeiras do Brasil. “Os estados de Minas Gerais e São Paulo, que respondem por grande parte da produção de café arábica, enfrentaram um período prolongado de seca seguido por geadas no início do ano. Isso afetou diretamente a produtividade e a qualidade dos grãos”, detalha.
Ele também ressalta que o impacto não se limita apenas às condições climáticas adversas. “A alta nos custos de insumos agrícolas, como fertilizantes e defensivos, também pressionou os preços. Muitos desses produtos são importados e sofreram aumento com a valorização do dólar.”
Logística e cenário global
Outro fator que contribuiu para o aumento do preço do café é a logística. “O custo do transporte disparou nos últimos anos, tanto no mercado interno quanto nas exportações. Problemas na cadeia de suprimentos global e a alta do preço do diesel no Brasil encareceram a distribuição do café”, afirma Rangel.
No mercado internacional, o Brasil, maior exportador de café do mundo, também enfrenta a pressão da demanda global. “Há uma recuperação do consumo em mercados importantes, como Europa e Estados Unidos, que ficaram retraídos durante a pandemia. Isso eleva a competição pelos grãos brasileiros e reflete nos preços internos”, explica.
Reflexos para o consumidor
O aumento do preço do café gera efeitos em cadeia, desde o produtor até o consumidor final. Em cafeterias, por exemplo, o preço médio de um café expresso subiu cerca de 12% em 2024, segundo levantamento da Abic. Em casa, consumidores têm buscado alternativas para driblar o aumento, como a compra de marcas mais baratas ou a redução do consumo.
Ainda assim, o economista acredita que o cenário atual não deve se estabilizar no curto prazo. “Mesmo que a próxima safra seja mais favorável, a recuperação da produção não será imediata. Além disso, os custos logísticos e dos insumos tendem a permanecer elevados, o que significa que o consumidor continuará sentindo no bolso por mais alguns meses.”
O que esperar para o futuro?
Embora o momento seja de alta, Rangel aponta que o mercado cafeeiro tem uma característica cíclica. “Historicamente, depois de períodos de alta produção e preços baixos, enfrentamos safras menores e preços elevados. A médio prazo, com a normalização do clima e a adaptação dos produtores, a expectativa é de que os preços se estabilizem.”
Para o consumidor, a dica é pesquisar preços e, quando possível, comprar em quantidades maiores para aproveitar promoções. “O café faz parte da cultura brasileira e, mesmo com o aumento, é improvável que o consumo diminua drasticamente. Mas é importante estar atento às oscilações e buscar formas de economizar”, conclui o economista.
Por Heloísa Mendelshon