Conhecida pelo turismo religioso em torno da Beata Benigna e pelas pesquisas paleontológicas, Santana do Cariri, município com cerca de 17 mil habitantes, vem ganhando visibilidade em outro setor: a produção de mel de abelha. Segundo a Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) de 2023, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cidade foi a líder nacional em produção de mel no último ano, com cerca de 1,2 milhão de quilos produzidos.
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Esse resultado reflete uma tendência de crescimento observada desde 2021, colocando o Ceará em destaque no cenário nacional. Atualmente, o estado ocupa a quinta posição entre os maiores produtores de mel do país.
Tesouro da Chapada do Araripe
O clima ameno e a vegetação preservada da Chapada do Araripe, aliados à abundância de água, criam o ambiente perfeito para as abelhas. Em meio a plantações de abacaxi, mandioca e feijão, os agricultores da região encontraram uma oportunidade lucrativa e migraram para a apicultura.
Entre as floradas mais importantes está a do cipó uva, planta nativa da Chapada do Araripe. De novembro em diante, as abelhas extraem dessa flor um néctar especial que resulta em um mel claro, de sabor suave e alto valor de mercado.
“Essa florada é a mais importante do ano. O mel claro é bastante valorizado e procurado. Enquanto o mel escuro chega a custar R$ 12 a R$ 14 o litro, o mel claro pode alcançar de R$ 23 a R$ 33”, comemora o apicultor Geoavane de Melo.
Para Maria Laís, técnica do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), o diferencial da produção está na geografia privilegiada da região. “A Chapada do Araripe oferece um ambiente perfeito para as abelhas. Nas áreas mais altas, os produtores que abraçam a proposta conseguem se desenvolver na cadeia produtiva, aproveitando as características únicas desse ecossistema.”
Produção subestimada
Apesar do sucesso, os números da produção cearense podem ser ainda maiores. Segundo a Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec), parte significativa do mel produzido no estado é comercializada sem registro oficial.
“Detectamos que muito mel produzido em regiões como Inhamuns e Parambu é vendido para o Piauí, de onde é exportado. Se essa produção fosse contabilizada no Ceará, seríamos o maior exportador de mel do Brasil”, afirma Amílcar Silveira, presidente da Faec.
Joventino Neto, presidente da Federação Cearense de Apicultores (Fecap), reforça essa avaliação e defende melhorias na fiscalização para valorizar a produção local.
“O Ceará já é o maior produtor de mel do Nordeste. Porém, parte da nossa produção sai do estado sem fiscalização e acaba não sendo computada. Precisamos encontrar maneiras de valorizar e proteger nosso produto”, pontua.
Por Heloísa Mendelshon