Em depoimento à Polícia Federal no dia 21 de novembro, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, afirmou que o general da reserva Walter Braga Netto entregou dinheiro em uma sacola de vinho para financiar ações golpistas após as eleições de 2022. O montante, segundo Cid, foi repassado ao major Rafael Martins de Oliveira, preso durante a Operação Contragolpe e apontado como integrante do esquema.
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De acordo com Mauro Cid, Braga Netto informou que o dinheiro havia sido arrecadado “junto ao pessoal do agronegócio”. A entrega foi feita diretamente ao major Oliveira, com o objetivo de financiar despesas relacionadas às ações planejadas.
Essa informação não constava no primeiro depoimento de Cid, prestado em março deste ano, no qual ele descreveu apenas uma reunião na casa de Braga Netto para discutir a situação política após a derrota eleitoral de Bolsonaro. No novo depoimento, oito meses depois e sob risco de ter seu acordo de delação anulado, Cid detalhou que, após o encontro, Braga Netto pediu a elaboração de um “esboço” para ações concretas. Dias depois, ele e Braga Netto se reuniram com o major Oliveira, ocasião em que o dinheiro foi entregue.
Evidências reforçam papel de Braga Netto
As investigações da Polícia Federal confirmaram que o major Oliveira adquiriu, em novembro de 2022, um celular usado durante a tentativa de golpe. O aparelho foi comprado com pagamento em espécie em uma loja de Goiânia. Chips utilizados pelos golpistas também foram carregados com créditos de R$ 20,00 em dinheiro, poucos dias antes das ações.
Para a PF, os novos elementos indicam que Braga Netto teve uma participação mais ativa e relevante no planejamento e financiamento de atos golpistas do que se sabia anteriormente. Em nota incluída na decisão que determinou a prisão preventiva do general, a PF afirma que ele “contribuiu de forma direta e pessoal para o financiamento das ações ilícitas”.
O esquema incluía a detenção ilegal e possível execução do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, com uso de “técnicas militares e terroristas”. A investigação também aponta planos para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu vice, Geraldo Alckmin.
Braga Netto, que foi ministro da Defesa e candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022, está preso desde este sábado (14), após mandado expedido pelo ministro Alexandre de Moraes.
Por Nágela Cosme