Mundo moenda
Vai moendo
Casas, sonhos, gente
Devorando paisagens.
Nas fachadas
O colorido da cal
Trocada pelas luzes de néon.
Meus olhos de hoje
não reconhecem mais os itinerários
de ontem.
O preto do asfalto
Espalhando luto pelas ruas mortas.
Nas janelas no lugar das faces
grades frias de ferro e aço
Jardins mortos pelas espadas das colunas armadas
O que foi casa, família na calçada
Emergiu prédio com seus APs
Gaiolas loteadas em metros quadrados.
Edifício
É difícil
A mim outrora menino
Nessa forma velho
Vê com visão sob armação e lentes
E tão cansada
Minhas velhas paisagens
Sendo devoradas, mastigadas,
tragadas, extintas
Na boca voraz
Da moenda do mundo.
Por Fabiano Brito. Cratense, cronista e poeta com três livros publicados: “O Livro de Eros”, “Ave Poesia” e “Lunário Nordestino” (Editora UICLAP)
*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri