Em discurso durante a Cúpula do Futuro, evento paralelo à Assembleia Geral das Nações Unidas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a falta de “ambição e ousadia” nas propostas para enfrentar os desafios globais. No evento realizado neste domingo (22) em Nova York, Lula ressaltou a importância do documento “Pacto para o Futuro”, a ser assinado por líderes mundiais, mas apontou que as transformações estruturais necessárias ainda estão distantes.
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Lula destacou a crise de governança global, mencionando a pandemia, os conflitos armados e a mudança climática como exemplos de falhas nas instâncias multilaterais. Ele criticou a perda de relevância da Assembleia Geral da ONU e o enfraquecimento de órgãos como o conselho econômico e social da organização. “A maioria dos órgãos carece de autoridade e meios de implementação para fazer cumprir as suas decisões”, disse o presidente brasileiro.
Falta de avanço no Conselho de Segurança
Lula também criticou o Conselho de Segurança da ONU, mencionando a dificuldade de aprovar resoluções devido ao poder de veto dos membros permanentes, como ocorreu em 2023, quando os Estados Unidos barraram uma resolução brasileira sobre o conflito entre Israel e o grupo Hamas. Ele afirmou que a legitimidade do Conselho “encolhe cada vez que ele aplica duplos padrões ou se omite diante de atrocidades”.
Pacto do Futuro
O Pacto do Futuro, tema central da cúpula, busca enfrentar crises emergentes de segurança, acelerar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e lidar com as ameaças das tecnologias digitais. Lula elogiou a inclusão de temas inéditos, como a dívida dos países em desenvolvimento e a governança digital inclusiva, mas reforçou que é preciso mais coragem para que a ONU recupere sua centralidade no debate econômico global.
O presidente alertou que os ODS estão caminhando para ser “o maior fracasso coletivo” se o atual ritmo de implementação for mantido. Segundo ele, apenas 17% das metas da Agenda 2030 serão cumpridas no prazo.
Compromisso com o clima e direitos humanos
Lula também reiterou a importância de manter os compromissos climáticos e de direitos humanos, afirmando que o Brasil, na presidência do G20, lançará uma aliança global contra a fome e a pobreza. Ele destacou que o mundo não pode regredir em questões como igualdade de gênero, combate ao racismo e promoção da paz, alertando para o risco de retrocessos em áreas cruciais.
O presidente encerrou o discurso afirmando que “precisamos de coragem e vontade política para mudar”, reforçando a necessidade de uma governança global mais efetiva para enfrentar os desafios futuros.
Assembleia Geral da ONU
Na terça-feira (24), Lula fará o tradicional discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU, uma tradição reservada ao presidente do Brasil desde a 10ª sessão da cúpula. O evento reúne os 193 Estados-membros da ONU, sendo uma oportunidade para o Brasil apresentar suas prioridades e demandas globais.
Por Bruno Rakowsky