Por entre as ruas do centro da cidade, encontra-se o coração cultural da cidade do Crato. Antigamente, o museu local resplandecia como um farol de conhecimento, abrigando relíquias históricas e artefatos preciosos que contavam a história rica e multifacetada da região do Cariri. No entanto, ao passar dos anos, o museu foi gradualmente abandonado, suas portas trancadas e suas paredes empoeiradas testemunhando o silêncio que envolveu o espaço outrora vibrante.
Enquanto observo a fachada decadente do museu, uma sensação de tristeza e desânimo me envolve. Como pode uma cidade tão mergulhada em história e tradição permitir que seu tesouro cultural se deteriore diante de seus olhos? Mas à medida que deixo meu olhar vagar pelas ruas movimentadas, percebo que a cultura desta cidade vai além das paredes de um museu abandonado.
A cultura do Crato é encontrada nas melodias nostálgicas, nas danças folclóricas que celebram as raízes ancestrais, e nos contos e lendas que são passados de geração em geração. Ela está presente nos sabores e aromas que se misturam em uma sinfonia culinária, e nos festivais animados que enchem as ruas de alegria.
Sim, o museu pode estar abandonado, mas a cultura da terra de Bárbara de Alencar ainda pulsa vigorosamente em cada esquina, em cada conversa animada e em cada expressão artística que floresce na comunidade. A salvação da cultura do Crato não reside apenas em um prédio físico, mas sim na vontade e no empenho do poder público e de seus habitantes em preservar e valorizar suas tradições e heranças.
Enquanto caminho pelas ruas do Crato, sinto uma renovação de esperança e determinação. Talvez o museu possa ser revitalizado, restaurado à sua antiga glória para servir como um símbolo do compromisso contínuo da cidade com sua cultura e história. Mas, mesmo que isso não aconteça, sei que a cultura cratense é resiliente e eterna, imortalizada nos corações e nas almas daqueles que a mantêm viva todos os dias. E com essa certeza, sei que a cultura da “Princesa do Cariri” sempre encontrará uma maneira de prosperar e brilhar, independentemente das circunstâncias.
Por Mirta Lourenço. Médica, professora, cronista e poetisa
*Este texto é de inteira responsabilidade da autora, e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri