As doenças transmitidas por mosquitos, como a dengue, a chikungunya e o vírus Zika, representam um desafio significativo para a saúde pública em muitas regiões tropicais e subtropicais ao redor do mundo. Apesar de compartilharem a mesma via de transmissão, essas doenças têm características distintas que podem dificultar o diagnóstico clínico.
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O Revista Cariri entrevistou o médico sanitarista Carlos Duarte, especialista em arboviroses. Acompanhe:
Revista Cariri: Para começar, poderia explicar quais são as principais diferenças nos sintomas dessas três doenças?
Carlos Duarte: Certamente. Embora a dengue, chikungunya e Zika sejam todas transmitidas pelo mesmo vetor, o mosquito Aedes aegypti, elas apresentam diferenças distintas em termos de sintomas. A dengue é frequentemente caracterizada por febre alta, dor de cabeça, dores musculares e articulares, além de sintomas gastrointestinais como náuseas e vômitos. Já a chikungunya se destaca pela intensa artralgia, ou seja, dor nas articulações, que pode ser debilitante e durar semanas a meses. Por fim, o vírus Zika geralmente causa sintomas mais brandos, como febre leve, conjuntivite, erupção cutânea e dor nas articulações, embora também esteja associado a complicações neurológicas, como a síndrome de Guillain-Barré em adultos e microcefalia em recém-nascidos de mães infectadas durante a gravidez.
Revista Cariri: Essas diferenças nos sintomas podem tornar o diagnóstico desafiador?
Carlos Duarte: Com certeza. Devido à sobreposição de sintomas e à possibilidade de coinfecções, o diagnóstico diferencial entre dengue, chikungunya e Zika pode ser bastante complexo. É fundamental que os profissionais de saúde estejam cientes das características distintivas de cada doença e realizem uma avaliação clínica detalhada, além de utilizar testes laboratoriais apropriados, quando necessário, para um diagnóstico preciso.
Revista Cariri: E quanto ao tratamento e manejo dos pacientes com essas doenças?
Carlos Duarte: O tratamento é principalmente sintomático para todas as três doenças, com foco no alívio dos sintomas e na prevenção de complicações. No entanto, é importante ressaltar que, enquanto a dengue pode evoluir para formas graves com risco de vida, como a dengue grave e a síndrome de choque da dengue, a chikungunya e o Zika geralmente têm um curso mais benigno, embora ainda possam causar morbidade significativa, especialmente a chikungunya devido à sua associação com artrite crônica. Portanto, o manejo adequado dos pacientes deve levar em consideração essas diferenças na gravidade e nas complicações potenciais de cada doença.
Revista Cariri: Qual é a importância de se entender essas diferenças para a saúde pública e para a prevenção dessas doenças?
Carlos Duarte: Compreender as diferenças nos sintomas e nas complicações associadas à dengue, chikungunya e Zika é crucial para orientar políticas de saúde pública eficazes, incluindo estratégias de prevenção e controle de vetores, educação pública e vigilância epidemiológica. Uma abordagem integrada e multidisciplinar, envolvendo profissionais de saúde, pesquisadores e autoridades de saúde pública, é essencial para enfrentar eficazmente essas arboviroses e reduzir seu impacto na saúde das comunidades afetadas.
Entenda as diferenças
A dengue, a chikungunya e o vírus Zika são arboviroses transmitidas principalmente pelo mosquito Aedes aegypti. Essas doenças compartilham uma distribuição geográfica semelhante e apresentam sintomas semelhantes em sua fase aguda, o que pode levar a dificuldades no diagnóstico clínico. No entanto, é crucial reconhecer suas diferenças para garantir uma abordagem terapêutica adequada e medidas de saúde pública eficazes.
Manifestações clínicas:
1. Dengue:
• A dengue é caracterizada por uma ampla gama de sintomas, que variam de febre alta e dor de cabeça a dor muscular intensa e erupções cutâneas.
• Os pacientes com dengue podem desenvolver sintomas graves, como sangramento, plasma extravasado e choque, que podem levar à dengue grave e à síndrome de choque da dengue.
2. Chikungunya:
• A chikungunya geralmente se manifesta com febre alta, dor articular intensa e erupções cutâneas. A dor articular pode ser debilitante e durar semanas a meses após a infecção aguda.
• Embora raramente fatal, a chikungunya pode causar morbidade significativa devido à sua associação com artrite crônica e sintomas persistentes.
3. Zika:
• O vírus Zika é conhecido por causar febre leve, conjuntivite, erupção cutânea e dor nas articulações. No entanto, sua característica distintiva é a associação com complicações neurológicas, como a Síndrome de Guillain-Barré em adultos e microcefalia em recém-nascidos de mães infectadas durante a gravidez.
Diagnóstico diferencial
O diagnóstico diferencial entre dengue, chikungunya e Zika pode ser desafiador devido à sobreposição de sintomas e à possibilidade de coinfecções. Os métodos diagnósticos incluem testes sorológicos, PCR e avaliação clínica. O reconhecimento precoce e preciso dessas doenças é crucial para orientar o tratamento e implementar medidas de controle de vetores.
Implicações clínicas e de saúde pública
O entendimento das diferenças nos sintomas e nas complicações associadas à dengue, chikungunya e Zika é fundamental para orientar a prática clínica e as estratégias de saúde pública. A vigilância epidemiológica eficaz, o diagnóstico precoce e o manejo adequado dos casos são essenciais para mitigar o impacto dessas doenças na saúde pública e reduzir a carga de morbidade associada.
Cada uma possui características distintas
Embora a dengue, a chikungunya e o vírus Zika compartilhem a mesma via de transmissão e apresentem sintomas semelhantes, cada uma dessas doenças possui características distintas que requerem uma abordagem diferenciada em termos de diagnóstico, tratamento e prevenção. O reconhecimento precoce das diferenças nos sintomas e complicações associadas a essas doenças é crucial para garantir uma resposta eficaz e mitigar seu impacto na saúde pública.
Por Mirta Lourenço. Médica e colunista do Revista Cariri