Mais uma descoberta inédita de fóssil do período Cretáceo na Bacia do Araripe foi divulgada nesta quarta-feira (3) , através de artigo científico na revista PeerJ Publishing. Trata-se do fóssil de Mesoprocrus rayoli, o escorpião-vinagre, pertencente à região da Bacia do Araripe, no Ceará. Também foi descrita a aranha-camelo, com material único a compor coleções paleontológicas no Brasil, mais precisamente em Santana do Cariri.
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Essas descobertas fazem parte de material fossilífero doado ao Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, resultado de apreensões, através da operação “Santana Raptor”, em 2019. Assim, o fóssil é proveniente da formação Crato, assim como o Ubirajara jubatus. Essa ação foi desencadeada pela Polícia Federal, com atuação do Ministério Público Federal (MPF), no caso do escorpião-vinagre, e a aranha-camelo, através do projeto Força-tarefa, com trabalho de conscientização realizado em comunidade de Santana do Cariri, por Carlos Eduardo de Sousa.
O ineditismo do escorpião-vinagre chama a atenção dos pesquisadores da Universidade Regional do Cariri (Urca) William Santana, Allysson P. Pinheiro, Thiago Andrade Silva e Daniel Lima. A espécie é parente próximo dos escorpiões verdadeiros, mas se diferencia deles por terem pinças enormes e, ao contrário de um ferrão na cauda, possuem uma glândula que libera um ácido que se assemelha ao vinagre.
Segundo o pesquisador Daniel Lima, o trabalho tem grande importância científica e repercute com impacto. “Estão sendo publicados dois exemplares de um grupo de espécie que é muito difícil de se encontrar no registro fóssil”, afirma. O achado inédito homenageou o procurador da República, Rafael Ribeiro Rayol, que tem atuado no processo de repatriação dos fósseis que saíram ilegalmente da Bacia do Araripe e foram comercializados noutros países. “Portanto, nada mais justo do que fazer essa homenagem a ele”, justifica.
O fóssil da aranha-camelo fará parte de coleções, que poderão ser vistas e estudadas no Cariri. A outra já encontrada, havia sido levada para a Alemanha, onde foi descrita. Conforme os pesquisadores, essas espécies contribuem para um melhor entendimento de como viviam, há cerca de 110 milhões de anos, e as interpretações com base na biologia ajudam a compreender como era o ambiente da região na época.
A comemoração das descobertas nesse caso se torna duplicada, porque o material encontrado permanece na região do Cariri, o que fortalece o turismo e a economia, desde hotéis, restaurantes e varejo, com uma rede movimentada por estudantes e pesquisadores do Brasil e exterior, além de pessoas interessadas em conhecer mais da geologia e paleontologia.
Daniel Lima ressalta o grande papel desempenhado pelas instituições, como a Urca, o Museu de Paleontologia, além do Geopark Araripe. “Possibilitam uma contribuição para o desenvolvimento desse sentimento do bem fossilífero, como um patrimônio cultural, além de todo o desenvolvimento científico para a área. Importante destacar o papel da Funcap, com bolsas para professores visitantes, das bolsas voltadas à iniciação científica, destinadas aos estudantes, e o apoio a projetos, além das publicações em revistas de grande impacto.