Dedilhar teus lábios como se escrevesse sabores. Sentir o suspiro com um manifesto desesperado de bem querer. Revirar os lençóis, os pudores e tocar o terremoto que se faz a partir do teu ventre, depois sair como quem viu imagens nas nuvens, inesperadas e passageiras.
São cinco horas da manhã. A cama está vazia como todos os dias. A rede balança, enquanto tomo coragem para iniciar os trabalhos. Tive sonhos de carne e intervalos, acordei quase mar, sol e lua. Acordei.
Maiakovski estava encostado na estante. Os trabalhadores distantes da poesia, mas os sonhos existiam, os de ontem e os de amanhã.
É hora de sair. Hoje, a calça está mais apertada e vou de mochila, carrego a fome e os sonhos paridos da ausência, porque nunca estamos vazios.
Por Alexandre Lucas. Pedagogo, artista, educador e integrante do Coletivo Camaradas
*Este texto é de inteira responsabilidade do autor, e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri