O relógio na parede continua seu tique-taque incessante, como um lembrete constante de que o tempo não espera por ninguém. Os minutos se transformam em horas, os dias em semanas, os meses em anos. E, no entanto, muitas vezes parece que estamos apenas assistindo o tempo passar, em vez de verdadeiramente vivermos nossas vidas.
É fácil cair na rotina, na monotonia do dia a dia. Acordar, ir ao trabalho, cumprir obrigações, voltar para casa, assistir televisão, dormir e repetir tudo de novo no dia seguinte. Parece que estamos presos em um ciclo interminável, como hamsters em uma roda, correndo sem rumo, mas sem realmente sair do lugar.
A pergunta que se impõe é: estamos realmente vivendo ou apenas existindo? Estamos aproveitando cada momento, cada oportunidade, ou estamos apenas passando pelo movimento, esperando que algo aconteça? Muitas vezes, a resposta é a segunda opção. Estamos tão ocupados com nossas responsabilidades e preocupações que esquecemos de apreciar as pequenas coisas da vida.
Lembro-me de uma vez em que parei para observar o pôr do sol. Estava sentado em um banco no parque, e o céu estava pintado de tons de laranja e rosa, como se o universo estivesse nos presenteando com uma obra de arte. Foi um daqueles momentos raros em que o tempo pareceu parar, e eu realmente me senti vivo. Pude sentir a brisa suave acariciando meu rosto, ouvir o som dos pássaros cantando e sentir a paz que só a natureza pode proporcionar. Naquele momento, eu estava vivendo.
Mas quantos desses momentos perdemos porque estamos tão imersos em nossas preocupações e distrações? Passamos mais tempo olhando para nossos dispositivos eletrônicos do que para o mundo ao nosso redor. Perdemos conversas significativas porque estamos ocupados checando e-mails ou redes sociais. Estamos tão focados no futuro, nas metas que queremos alcançar, que esquecemos de apreciar o presente.
Viver é mais do que apenas existir. É aproveitar cada momento, por menor que seja. É saborear o café da manhã com calma, sentir o cheiro da chuva depois de uma tempestade, abraçar alguém querido, ouvir uma música que nos toca profundamente e, acima de tudo, é estar presente, de corpo e alma, no aqui e agora.
Então, da próxima vez que você olhar para o relógio na parede, lembre-se de fazer a si mesmo a pergunta: “Estou vivendo ou apenas vendo o tempo passar?” Se a resposta for a segunda opção, talvez seja hora de repensar suas prioridades e começar a aproveitar mais a vida. Afinal, o tempo é um recurso precioso que nunca podemos recuperar, então é melhor usá-lo sabiamente. Afinal, a vida é uma dádiva, e cabe a cada um de nós decidir como queremos vivê-la.
Por Mirta Lourenço. Médica, professora, cronista e poetisa
*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri