Neste domingo, o apresentador Fausto Silva, o Faustão, passou por um transplante de coração no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, após receber um órgão compatível. Ele havia sido diagnosticado com um quadro de insuficiência cardíaca grave e recebido indicação para o procedimento no último dia 20, cerca de uma semana antes do procedimento.
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Faustão furou a fila do transplante?
A rapidez, se comparado ao tempo médio de 18 meses para um transplante de coração no Brasil, levou a questionamentos nas redes sociais sobre o funcionamento da fila para a cirurgia, e se o apresentador teria recebido o órgão antes de alguém que já o aguardava há mais tempo.
Segundo informações do painel do Sistema de Transplantes do Brasil, logo após a inclusão do apresentador havia 385 pessoas aguardando um novo coração no país. Faustão, porém, não furou a fila do transplante, que é única, englobando pacientes da rede pública e privada.
Como Faustão conseguiu um coração tão rápido?
Isso porque, embora, no geral, o paciente seja inserido na ordem cronológica, ou seja, pela data da indicação para o recebimento do novo órgão, fatores como a gravidade do caso tornam o caso “prioridade”, o que faz com que o indivíduo vá para o início da fila.
No dia 20, um boletim médico do Hospital Albert Einstein explicava que Faustão estava “sob cuidados intensivos (…) em diálise e necessitando de medicamentos para ajudar na força de bombeamento do coração”, uma situação grave devido à piora da insuficiência cardíaca.
Por que Faustão precisou de transplante?
O diagnóstico é uma condição progressiva na qual o coração perde a capacidade de bombear o sangue na quantidade necessária. Isso pode acontecer devido ao enfraquecimento – que foi o caso do apresentador – ou enrijecimento do músculo cardíaco.
Além disso, fatores como a tipagem do sangue, que no caso de Faustão é o B, influenciam, já que o doador precisa ter o mesmo tipo sanguíneo do paciente. Logo, se alguém estava na frente do apresentador na fila, porém o tipo era A, ou O, o órgão não seria útil.
Segundo a Central de Transplantes do Estado de São Paulo, neste domingo, o sistema encontrou 12 potenciais pacientes que atendiam aos requisitos para receber o coração doado. Entre eles, quatro tinham prioridade, em segundo lugar o Faustão. Como o primeiro recusou o órgão, o que pode ocorrer devido a fatores como incompatibilidade, o apresentador passou pelo transplante.
“A lista de espera por um órgão funciona baseada em critérios técnicos, em que tipagem sanguínea, compatibilidade de peso e altura, compatibilidade genética e critérios de gravidade distintos para cada órgão determinam a ordem de pacientes a serem transplantados (…) Pacientes em estado crítico são atendidos com prioridade, em razão de sua condição clínica”, reforçou o Ministério da Saúde, em nota.
Cenários de gravidade que aceleram o transplante
Em 2021, a pasta publicou uma nota técnica atualizando as condições de priorização de receptores de coração. No total, são três cenários, estratificados de acordo com a gravidade do quadro.
— O paciente com prioridade máxima é aquele que precisa de um retransplante agudo. Ou seja, ele foi transplantado e até um mês teve algum problema grave relacionado ao transplante, como rejeição aguda. Em seguida, estão pacientes com ECMO — explica a cardiologista Stephanie Rizk, especialista em insuficiência cardíaca, transplante cardíaco e coração artificial da Rede D’Or, Hospital Sírio-Libanês e da Cardio-Oncologia do InCor.
Nesta condição dois, estão incluídos pacientes que utilizam algum dispositivo de curta duração que ajuda a melhorar o funcionamento do coração até o transplante, como o ECMO (Oxigenação por membrana extracorporal). É uma espécie de “coração artificial temporário”, que deve ser usado em ambiente hospitalar.
Já Faustão estava incluído na condição três de prioridade, que inclui, entre outras condições, pacientes internados com choque cardiogênico, que utilizam medicamentos intravenosos para ajudar o coração a bombear o sangue. O problema ocorre quando a incapacidade do coração bombear o sangue começa a prejudicar outros órgãos.
— É um mal funcionamento sistêmico, que gera insuficiência de outros órgãos, como rim e sistema nervoso — disse a cardiologista.
Rizk destaca ainda que essa fila é dinâmica. Se houver piora no quadro, por exemplo, um paciente pode sair da condição três de prioridade para a dois.
Fonte: O Globo