Alvo preferencial de políticos que vão do espectro do presidente Jair Bolsonaro (PSL) ao do ex-presidente Lula (PT), o “Jornal Nacional” pode ser dar ao luxo de festejar crescimento de audiência e de público este ano.
Dados consolidados de ibope, obtidos com exclusividade pela coluna, mostram que no mês passado o “JN” fechou com 29 pontos de média no Painel Nacional de Televisão da Kantar Ibope Media.
Isso representa três pontos a mais que a média em pontos registrada em janeiro (26 pontos), primeiro mês do governo Bolsonaro.
No PNT cada ponto vale por 254 mil domicílios, cada um com uma média estimada de três moradores.
Telejornal mais assistido do Brasil, a participação do “JN” no mês passado no universo de TVs ligadas (share) no país foi de 47%.
Em outras palavras: em média, 47 em cada 100 TVs sintonizaram o “JN” nas 15 maiores regiões metropolitanas mensuradas pela Kantar Ibope Media.
No mês passado o “JN” teve um alcance médio estimado de 43,4 milhões de brasileiros diários —5 milhões a mais do que em janeiro (38,4 milhões).
O recorde de ibope do telejornal editado e apresentado por William Bonner (e co-apresentado por Renata Vasconcellos) foi no último dia 19 de agosto, quando registrou 36 pontos de média e 51% de share no PNT.
É bom lembrar que, a despeito dos bons números e da liderança jamais ameaçada por outras TVs, em meados da década passada o “JN” chegava a dar mais de 40 pontos de média no PNT.
Como a TV aberta em geral, o principal telejornal da Globo também viu boa parte do público “fugir” com o surgimento de novas mídias, sites e redes sociais.
Neste ano o “JN” completa 50 anos.
Pedradas
Desde antes de vencer as eleições e assumir o governo, Bolsonaro já havia eleito a Globo como a principal “inimiga”, além do jornal “Folha”.
Duas semanas atrás chegou a ameaçar a emissora da família Marinho sobre uma eventual não-renovação de sua concessão, que vence no segundo semestre de 2022 (ele mandou cancelar as assinaturas do Executivo do jornal “Folha” também).
Apesar disso a audiência da Globo vem crescendo desde que Bolsonaro tomou posse, conforme esta coluna publicou com exclusividade em setembro.
Além disso a ameaça de Bolsonaro aparentemente é inócua: não é o Executivo que pode decidir sobre uma renovação (ou não) da concessão, e sim o Congresso.
Em resposta às ameaças do presidente o Grupo Globo enviou nota a esta coluna, negando ter quaisquer débitos fiscais com o governo federal.
No sábado, um dia após deixar a prisão no Paraná, beneficiado por uma decisão do STF, o ex-presidente Lula também atacou a Globo e outras TVs abertas. “Estão uma tristeza”, desabafou.
Paradoxalmente, depois de ameaçar a Globo e cancelar as assinaturas da “Folha”, Bolsonaro acusou ontem Lula de querer “censurar” a mídia.
Por Ricardo Feltrin
Fonte: UOL