Símbolo e exclusivo do Ceará, o soldadinho-do-araripe apareceu como “criticamente em perigo” de extinção na plataforma “SALVE”, lançada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) nesta terça-feira (2). Outras dez espécies presentes no estado também aparecem na mesma categoria (veja lista completa abaixo).
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A plataforma conta com dados de quase 15 mil espécies avaliadas quanto ao risco de extinção, reunidos no Sistema de Avaliação do Risco de Extinção da Biodiversidade (SALVE), e podem ser acessados a qualquer momento, por qualquer pessoa.
O soldadinho-do-araripe é a única ave exclusiva do Ceará, e habita apenas três municípios, localizados nas encostas da Chapada do Araripe. O macho também é conhecido localmente como levadeiro, em referência às pessoas que manejam canais de irrigação tradicionais. A fêmea é chamada de lavadeira-da-mata, uma vez que habita os regatos no interior das florestas.
Há três listas, atualmente, que englobam a situação dos animais em risco de extinção: uma estadual, uma federal (usada na plataforma Salve) e uma global. Em todas, o soldadinho-do-araripe aparece “criticamente em perigo”. A espécie entrou na lista em 2000.
“O motivo se repete em todas as avaliações: ele não tem habitat. O pássaro vive no domínio da caatinga, mas em área de exceção. Uma encosta da Chapada do Araripe que é rica em umidade, vegetação verde. Pode ser comparada a um oásis no meio do deserto”, explicou Weber Girão, gerente do projeto Oasis Araripe, da Aquasis.
A área onde a espécie vive é constantemente prejudicada por fatores como desmatamento, incêndios, mudanças nas conduções hídricas e ocupação humana através da especulação imobiliária.
Uma das estratégias apontadas pelo especialista é evitar a flexibilização de leis ambientais que podem impactar biologicamente nos espaços onde o animal vive. “A perda da qualidade do habitat também afeta as pessoas”, declarou.
Plataforma SALVE
Além do soldadinho-do-araripe, as outras espécies que aparecem na lista como “criticamente em perigo” de extinção no Ceará são:
• rãnzinha-pulga;
• peixe-anual;
• peixe conhecido por bodete, mero ou merote;
• escorpião (Hadrurochactas araripe);
• escorpião (Hadrurochactas brejo);
• peixe conhecido por anequim, mako-verdadeiro, marracho, tubarão-cavala ou tubarão-mako;
• uru;
• sapo-de-chifre-do-araripe;
• cururu-do-cascon;
• escorpião-chicote-de-cauda-curta.
O ICMBio informou que um dos principais objetivos da nova plataforma é facilitar a gestão do processo de avaliação do risco de extinção e tornar essas informações mais acessíveis, contribuindo para a geração de conhecimento e implementação de políticas públicas voltadas à conservação da biodiversidade.
“Agora, nosso objetivo não é simplesmente fornecer a informação, mas usá-la como instrumento de política pública, inclusive nas empresas, para evitar que haja espécies ameaçadas e principalmente espécies já extintas. Essa é a grande finalidade do qual esse trabalho aqui faz parte”, disse o presidente do ICMBio, Mauro Pires.
O órgão ressaltou que, do total de espécies avaliadas, 5.513 possuem ficha publicada e 1.253 estão em alguma categoria de ameaça. Por meio do mecanismo de busca, é possível inserir a espécie pretendida (tanto pelo nome comum, quanto pelo nome científico) e obter dados como grupo, categoria, última atualização da avaliação, estados, bioma, classificação taxonômica, distribuição, história natural, população e muito mais.
Por Samuel Pinusa
Fonte: g1 CE