O bairro tradicional é a unidade básica do planejamento urbano que deve possuir limites claramente definidos, tipos diversificados de habitação, infraestrutura e serviços de qualidade sendo interessante e acessíveis à comunidade. O dinamismo e a diversidade que caracterizam cidades atraentes dependem de uma base bem estruturada e definida presente em seus bairros ativos. Independente da escala, o que torna esses assentamentos humanos duradouros é a disponibilidade de serviços como – habitação, comércio e locais de trabalho, unidades de saúde, instituições de ensino, áreas de lazer e uma infraestrutura urbana que reforce as relações sociais, satisfaça as necessidades e possua uma rede de vias integradas com as demais áreas da cidade.
A rede de vias dentro do bairro, geralmente menor que 40 Km/H, proporciona a segurança do pedestre. As ruas nessas áreas de baixa velocidade são mais estreitas e as edificações apresentam pouco recuo frontal. A aplicação de um bom projeto de arborização torna o passeio agradável e ativo estimulando o contato cotidiano entre as pessoas. Essas relações pessoais ajudam no comércio local e na fidelização de clientes criando valor e conveniência. Se o bairro dispor de edificações de grande porte para uso comunitário, estes habitualmente encontram-se alocados em regiões onde possam ser compartilhados por mais de uma comunidade. A implantação de praças ou pequenos parques quando projetadas de maneira consciente, são frequentemente usadas para lazer e para propósitos culturais.
O bairro genuíno sendo compacto e fazendo o uso misto do solo apresenta uma variedade de edificações e áreas agradáveis que priorizam o percurso seguro e orientado para o pedestre, diminuindo o uso e a dependência do automóvel para deslocamentos. A implantação de quadras pequenas incentiva a conectividade e a vivacidade reduzindo as chances do surgimento de áreas ociosas, produzem a mudança de hábito e promovem a independência de pessoas com mobilidade reduzida.
Completo e calibrado além de conter a pluralidade de usos, um bairro completo abriga pessoas com diferentes rendas e estilos de vida. Assegurar a flexibilidade e variedade de edificações e serviços mantendo a compatibilidade trás inúmeros benefícios direto à comunidade, pois além de evitar a segregação pelos diferentes níveis de interesses e rendas presentes em uma mesma área, os laços sociais são fortalecidos e contribui para a vivacidade já que haverão famílias com horários de ocupação e interesses diferentes. Isso evita com que determinadas áreas fiquem completamente desertas em certos horários do dia viabilizando assim a segurança.
O urbanismo sustentável apoia e orienta o desenvolvimento de bairros completos dado os inúmeros benefícios voltados à população e ao meio ambiente. É importante ter em mente as densidades mínimas para construir um bairro e assim evitar habitações com lotes e mais lotes de terra. Bairros compactos demandam uma menor área a ser pavimentada, protegem áreas virgens e concentram-se apenas em partes de uma bacia hidrográfica diminuindo as chances de poluição do meio ambiente. A urbanização responsável promove a qualidade de vida das pessoas respeitando a biofilia.
Inspirado em: FARR, Douglas/Urbanismo Sustentável: Desenho Urbano com a Natureza
Por Gabriela Gomes. Apaixonada pela Arquitetura e o Urbanismo. Acredita em uma arquitetura participativa como uma ferramenta capaz de provocar mudanças e promover a inclusão social. Por um Urbanismo sustentável e inteligente. Juazeirense, reside atualmente em San Jose, CA
*Este texto é de inteira responsabilidade da autora e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri