Era o último jogo da fase de grupos daquela Copa de futebol de Várzea, e a nossa equipe necessitava da vitória para seguir adiante, não obstante a má fase de seus atacantes, e o fato de nas partidas anteriores atuarem com vários desfalques, o jogo decisivo ainda era contra os donos da casa, invictos.
Nessas horas decisivas, unem-se as forças que se tem, e não foi diferente com os Luminantes, ou o LEC, como é conhecido o escrete tricolor do Seminário. Vieram todos que estavam à disposição, dentre eles uma presença chamou a atenção de todos os presentes, Ronaldo Angelim, o eterno mago de aço, ídolo de Icaraí, Fortaleza, e Flamengo.
O Craque veio e ainda trouxe a companhia de Roberto Jacaré, e ao lado de Neto Veloso, Ciel e cia anularam as forças adversárias e quebraram a resistência da defesa, marcando logo aos 10 do primeiro tempo, com Ciel, aberta a porteira, Angelim por duas vezes de cabeça ampliou, e no segundo tempo Iarce Cabeça fechou a goleada: LEC 4 a zero!
Essa seria uma crônica futebolística em qualquer canal esportivo em rede nacional, ou dá crítica esportiva local, nomes como Ronaldo Angelim, Roberto Jacaré seriam a prova viva de um jogo profissional há 10 anos, entretanto, esta crônica é sobre humildade, amizade e um campeonato de Várzea na periferia de uma cidade do interior.
A humildade se chama Ronaldo Angelim, ex jogador de futebol profissional que marcou a história de Fortaleza e Flamengo, neste inclusive sendo o herói do título brasileiro de 2009, quem não lembra? O Craque consagrado abrilhantou o evento com sua presença em campo e a mesma raça dos tempos de profissional e de uma só vez presenteou a equipe com dois gols que ajudaram na classificação, presenteou tambem a comunidade da Batateiras que enxergou na presença do ídolo a importantizacão daquele povo alegre e festivo. Uma verdadeira lição àqueles que almejam a fama no futebol e tropeçam na soberba antes mesmo de alcançar o sucesso.
A amizade fica por conta do grupo como um todo, em se tratando de amadorismo somente a amizade motivaria tantos homens feitos assumirem almas de meninos e irem ao precário campo de várzea, no barrão, como falam, para jogar futebol. É bem verdade que se a hora era cedo da tarde, 14 e 30, o céu parcialmente nublado e uma brisa fresca amenizaram o calor.
Foi uma tarde festiva para todos. Ao fim do jogo, torcedores à beira do campo faziam fila para tirar fotos com ídolo, e daí se alguns deles não eram Flamenguistas, o que eles queriam era um registro daquele momento único, para depois, talvez, mostrar em casa à esposa, a seus filhos, aos netos, aos amigos que não estiveram presentes.
Eu fico imaginado o que dirão. E em cada fala de eloquência simples estará implícita a palavra humildade, porque Ronaldo Angelim, um ídolo do Flamengo veio jogar futebol com os amigos, numa tarde ensolarada de sábado no campo do Bairro Batateiras. Isso não tem preço!!!
Por Francinaldo Dias. Professor, cronista, contador de “causos” e poeta
*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri