O número de Centros de Controle de Zoonoses (CCZ) no Ceará é diminuto. Apenas nove dos 184 municípios cearenses contam com o equipamento e, deste total, apenas três (Sobral, Maracanaú e Fortaleza) desempenham suas funções de forma adequada, segundo o presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV) do Ceará, Célio Pires. Os demais (Cariús, Crateús, Crato, Iguatu, Juazeiro do Norte e Quixadá), ainda segundo Pires, não apresentam estrutura adequada de trabalho e nem cumprem o papel ao qual se destinam. Há três anos, eram dez centros. No entanto, o de Maranguape fechou e passou a ser atendido por Maracanaú.
Faltam profissionais
O baixo número de CCZ está ligado diretamente ao quantitativo de médicos veterinários no interior. Com este cenário decadente, os Centros não conseguem cumprir com o papel de prevenir e controlar as zoonoses (raiva, calazar, arboviroses e doença de Chagas) através do desenvolvendo de sistemas de vigilância sanitária, epidemiológica e ambiental em saúde.
“Não se faz controle de zoonoses sem o médico veterinário e sem condições adequadas de trabalho”, criticou Célio. Hoje, 136 municípios contam com registros de médicos veterinários em instituições públicas, no entanto, esse número há bem pouco tempo era pior. Em 2016, 61 cidades não possuíam nenhum profissional registrado. O avanço se deu a partir de uma recomendação do CRMV aos municípios cearenses. Apesar disto, Pires destaca que a maioria estão sob vigência de contratos temporários, quando o ideal seria a realização de concursos.
Para o Conselho de Medicina Veterinária, o diminuto número de profissionais e a situação precária dos centros, com o agravante de apenas nove cidades disporem do serviço, deve-se “ao descaso dos gestores que não entendem a importância de investimento na atenção básica de saúde”.
A secretária de Saúde de Quixadá, Juliana Câmara, contesta a informação do presidente do CRMV que inclui o Município na lista dos que possuem serviços deficitários. “A unidade funciona normalmente, realizando exames, eutanásia dos animais nos casos extremos, dentro dos critérios legais, e a unidade permanece limpa e em condição de acolher animais”, rebateu.
Castração
Desde 2015, os CCZ tiveram impedimento legal para abrigar animais de ruas que não portassem nenhuma zoonose. “Não podemos mais recolher os animais de rua. Quando há solicitação, a equipe comparece, realiza teste de triagem e coleta para sorologia, além de aplicar vacina antirrábica”, explicou Igor Holanda, coordenador e médico veterinário da unidade de Iguatu, que dispõe de apenas um veterinário. Com isso, cresceu a quantidade de animais, sobretudo gatos e cães, em situação de abandono. Com maior número de bichos nas ruas, maior a probabilidade de infecção e transmissão de doenças. Holanda defende a castração de cães e gatos como medida a longo prazo para a redução do número de animais de rua. Representantes de Organizações Não Governamentais (ONGs) também concordam.
Por Honório Barbosa
Fonte: Diário do Nordeste