Já confundo todos os olhares e desconheço todas as luas. Construo versos para trincar certezas e já não me deito na cama para enganar o coração. É tempo de amor, porque ele nunca sai de moda.
Sou toda mentira que o amor é capaz de fazer. Inventei na palavra que o amor era maior que a imensidão do universo e previsivelmente mais quente que o sol, fui dogmática e professei que o amor era eterno. Lógico que dopada e embriagada pela realidade alienante.
Eu espedaçada, fui triturada, mas o amor nos faz mosaico, um todo formado de pedaços. Enquanto me deito, não espero nada, mentira, estou esperançando e de vez em quando sonho, nem tudo é desespero. Ainda vejo estrelas e mares nos olhos. Estou vivinha, ainda, assim quero ficar. Porque dizem por aí que o amor é perigoso, vejo nas manchetes dos jornais flores, infelizmente nós caixões.
O amor é um bicho louco. O amor me esperou na esquina. Teve uma vez que passou no trem. O amor ficou em casa guardado nos livros. Apareceu cansado e o vi pelas frestas. O amor é teimoso e não obedece a razão. É carne, fogo e furacão, mas é também são manhãs de domingo mais preguiçosas, as equações de sexto grau, que não sei nem o que é, só sei que são de difícil resolução, principalmente para mim que não tenho nenhuma intimidade com a matemática.
Depois que cercaram as terras, o amor ficou tão desigual que desconfio que ele foi reinventado.
Por Alexandre Lucas. Pedagogo, artista, educador e integrante do Coletivo Camaradas
*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri