A cidade de Santana do Cariri tem pouco mais de 17 mil habitantes. É a terra de nascimento da primeira beata cearense, Benigna Cardoso da Silva. E bem próximo ao local onde ela nasceu existe hoje um projeto que está mudando a vida dos moradores. É no distrito de Araporanga que uma biblioteca itinerante tem feito a comunidade iniciar o hábito da leitura. Criada em 2016, a biblioteca tem atraído estudantes e adultos que estão conhecendo novos mundos literários.
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“A gente tinha esse anseio de proporcionar à comunidade de Araporanga novas oportunidades culturais. O objetivo era fazer chegar o livro aonde ele não chegava. Foi um projeto idealizado por mim, mas com a ajuda da comunidade”, explica a idealizadora Terezinha Pereira de Jesus.
O acervo iniciou com apenas sete livros. Hoje são mais de 1.500 e o empréstimo mensal é de cerca de 100 exemplares. No início não havia uma sede. Os colaboradores levavam os livros em sacolas e faziam visitas aos moradores. Com mais de sete anos de criação, a biblioteca ganhou espaço, novos itens e até implantou projetos, como a contação de histórias.
Para a mediadora de leitura, Erisvânia Rodrigues, esses momentos são muito importantes na vida das crianças.
“É importante eles terem esse contato com a leitura. Eu procuro incentivar ao máximo para que eles possam, a partir desse prazer em ler, criar as próprias opiniões e se desprenderem das opiniões dos outros”.
Novos olhares
O hábito da leitura já transformou a vida da estudante Laureni dos Santos, de 10 anos. Ela tem visto o mundo com novos olhares.
“A gente descobre muitas coisas. Eu adoro livros de aventuras, de princesas. Me sinto dentro da história e aprendemos a ler melhor”.
Ainda dentro da biblioteca existe um projeto musical. Semanalmente, trinta e dois alunos, entre crianças e adolescentes, têm aulas de flauta doce com uma professora de música.
“Tanto eu aprendo com eles, como eles aprendem comigo. O resultado do trabalho é muito gratificante”, reforça a professora Ana Paula Taveira.
O espaço é pequeno, mas ainda conta com dois computadores que servem para pesquisa. Em um ponto estratégico do distrito, em frente a uma escola municipal, as visitas aumentam. Adultos também têm começado o hábito da leitura. Para a idealizadora do projeto, houve uma transformação nas famílias e na comunidade depois da implantação da biblioteca.
“A comunidade vê a biblioteca como agente de transformação e também se vê transformada”.
Caminho do conhecimento
A cerca de cinco quilômetros fica outra biblioteca, a Caminho do Conhecimento. Localizada na comunidade Latão de Cima, o espaço tem atraído novos leitores e está fazendo a diferença na comunidade.
Criada há apenas um ano, conta com acervo que possui mais de 3 mil livros. Os idealizadores foram moradores e ex-moradores que desejavam trazer novas contribuições. Todo o espaço foi construído por meio de doações, do terreno até os livros.
“Tinhamos essa vontade de colocar uma biblioteca e concretizamos. São muitos voluntários. O local era uma casinha de máquinas. Um morador doou o espaço e aos poucos conseguimos transformar no que é hoje”, afirma Aureliano Diniz, um dos idealizadores.
Hoje, até quem ainda não aprendeu a ler já está tendo acesso aos livros. Como o pequeno Pietro, de 3 anos. Com problemas na fala, a mãe tem incentivado o filho com leituras em casa, contando as histórias para ele.
“Sem a biblioteca eu teria que pegar livros emprestados ou comprar. Agora a gente tem essa oportunidade, a diversidade, para quando precisar ir lá, ler. Ou até como eu faço, levo para casa e leio para ele. Isso é uma coisa muito importante e gratificante”, diz a Danielle Vidal Oliveira, auxiliar administrativo.
Outra que aproveitou a oportunidade foi a aposentada Maria Ilza Diniz. Ela aprendeu a ler já adulta e descobriu nos livros um grande prazer.
“Eu aprendi a ler porque eu pedia para minha filha escrever as cartas para meu outro filho que foi embora pro Rio de Janeiro, mas ela nunca escrevia do jeito que eu pedia. Aí eu decidi aprender. Fui para uma turma de jovens e adultos, com a cara e a coragem. E depois recebi meu diploma. Hoje eu duvido que tenha uma pessoa que leia mais do que eu. Não tem outra coisa para eu achar melhor”, diz.
Por Claudiana Mourato
Fonte: g1 CE