O ex-ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia) depôs nesta terça-feira (14) por cerca de uma hora e meia à Polícia Federal, por videoconferência, sobre as joias que trouxe irregularmente ao Brasil, em outubro de 2021, como presente do regime saudita para o governo Jair Bolsonaro (PL).
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O UOL apurou que o então auxiliar do ex-presidente afirmou à PF que não conversou com Bolsonaro sobre os presentes, numa tentativa de blindá-lo no escândalo do recebimento das joias avaliadas em ao menos R$ 16,5 milhões.
O ex-ministro afirmou que não tinha conhecimento sobre o conteúdo das duas caixas da marca suíça Chopard — uma delas, com peças femininas cravejadas de diamantes, foi retida no aeroporto de Guarulhos e outra, que passou pela alfândega sem ser declarada, foi entregue ao ex-chefe do Executivo.
À PF Bento tentou explicar a razão de ter afirmado aos agentes da Receita Federal, no aeroporto, que o conjunto de joias era destinado à então primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Segundo ele, a declaração feita aos auditores foi uma suposição, após “ser surpreendido” com o conjunto de joias.
Quando o caso foi revelado pelo Estado de S. Paulo, em 3 de março, Bento Albuquerque também disse ao jornal que as joias tinham como destino a esposa de Bolsonaro e que se tratava de “um presente”. Somente depois da repercussão negativa — da parte de Michelle, que negou saber das joias, e de Bolsonaro, que disse não ter cometido ilegalidade — é que o ex-ministro afirmou que se tratava de uma “suposição”.
Os objetos foram apreendidos, no dia 26 outubro de 2021, na mochila do ex-assessor do ministro Marcos André Soeiro, que também prestou depoimento nesta terça à PF. Soeiro tentou entrar no país sem declarar os objetos à Receita, mas foi barrado. Ele chamou o então ministro para tentar intervir, o que não deu resultado.
A defesa do ex-ministro solicitou as imagens da inspeção, mas Bento Albuquerque depôs sem ter tido acesso à íntegra do vídeo. O argumento da defesa é que a abordagem durou cerca de duas horas e que a íntegra da conversa do ex-ministro com autoridades da Receita demonstraria que ele “realmente foi surpreendido”.
Os trechos dos vídeos divulgados pela TV Globo, na avaliação da defesa do ministro, mostram, porém, que ele não teria conhecimento do valor da carga e que “não tentou dar carteirada”. Depois de as joias serem apreendidas, o governo Bolsonaro tentou ao menos oito vezes a liberação dos objetos.
Em entrevista ao UOL, o delegado da Receita Federal Mario de Marco Rodrigues, responsável por negar um pedido do então secretário do órgão, Julio Cesar Vieira Gomes, para liberar joias, afirmou que esses bens são do Estado e não poderiam ser liberados mesmo com o pagamento já que deveriam ser incorporados ao acervo público.
Entenda o caso:
• Bolsonaro está com um conjunto de peças da Chopard — composto por um relógio com pulseira em couro, um par de abotoaduras, uma caneta rosa gold, um anel e um masbaha (terço islâmico) — trazido ilegalmente por Albuquerque para o país há quase um ano e meio. As joias teriam sido dadas pelo governo da Arábia Saudita
• A defesa do ex-presidente disse ontem que entregará o conjunto ao TCU (Tribunal de Comtas da União e que Bolsonaro esta à disposição da PF;
• O assessor de Albuquerque também tentou entrar ilegalmente com um conjunto de joias — um colar, um anel, um relógio e um par de brincos em diamante — oferecido pelo governo saudita supostamente para Michelle, mas as peças foram retidas pela Receita;
• Bolsonaro movimentou ministérios e pressionou a Receita para obter as peças milionárias, mas não obteve êxito.
Fonte: UOL