O número de médicos do Ceará estampa a desigualdade no acesso à saúde pela população da capital e do interior. A proporção desses profissionais em Fortaleza é sete vezes maior que nos outros 183 municípios do estado, que reúnem, juntos, mais de 70% do total de cearenses.
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Os dados são da plataforma Demografia Médica no Brasil 2023, lançada nesta segunda-feira (6) pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Nela, há indicadores de entrada e saída, distribuição geográfica e outras informações sobre os profissionais da área no país.
Ao todo, o estado possui 17.196 médicos, uma proporção de 1,86 profissional para cada mil habitantes. Em razão disso, o índice fica abaixo do registrado no país, de 2,56 médicos por mil pessoas.
Considerando apenas o Ceará, a discrepância salta na comparação entre capital e interior. Apenas em Fortaleza, há 12.530 médicos registrados — uma proporção de 4,63 para cada mil habitantes. No interior, os profissionais são apenas 4.666, com média de 0,71 médico para cada mil habitantes.
Ao todo, conforme a base de dados, o Ceará possui população estimada de 9.240.580 pessoas. Dessas, 6.537.189 residem no interior, o que representa 70,7%. As demais moram em Fortaleza, com 29,2%. Em razão disso, a proporção de médicos no interior é quase sete vezes menor.
A plataforma apontou, também, que do total de médicos, 8.440 são especialistas, enquanto 8.756 são generalistas. Contudo, apenas 93 dos 184 municípios têm médicos especialistas, enquanto os generalistas estão em 162 cidades.
Apesar de ter média acima da nacional na densidade de médicos por habitantes em Fortaleza, o Ceará tem o segundo menor índice no Nordeste. O estado fica na frente apenas do Maranhão, com 4,07 médicos por mil habitantes na capital São Luís.
Já na proporção em relação ao interior, o Ceará fica à frente de Pernambuco, Piauí, Alagoas, Maranhão e Sergipe — neste último, o índice é de 0,26 médicos por mil habitantes.
No índice geral por estados, o Ceará fica à frente de Alagoas, Piauí, Bahia e Maranhão. Entretanto, mesmo o estado com maior índice na região — Paraíba, com 2,17 médicos por mil pessoas — está abaixo da média brasileira.
A reportagem questionou o Conselho Regional de Medicina do Ceará (Cremec-CE) sobre como a entidade percebe a desigualdade nas proporções de profissionais nas regiões do estado, quais os motivos das disparidades entre os índices e o que poderia ser realizado para mudar esse cenário. A instituição não enviou retorno até a última atualização desta reportagem.
Perfil dos profissionais
Segundo a plataforma, a média de idade dos médicos em solo cearense é de 43,97 anos, com 17,77 anos de formação. A maioria dos profissionais é do sexo masculino, com 9.231, e tem até 39 anos.
Concentração nas capitais
O CFM apontou que o número absoluto de médicos ativos no Brasil é suficiente para atender às necessidades da população. No entanto, apesar do contingente de profissionais, a população sofre com cenário de desigualdade no acesso a serviços da classe.
Conforme a entidade, as 27 capitais brasileiras — que reúnem 24% da população total do país — reúnem 54% dos médicos. O interior, com 76% dos brasileiros, conta com 46% dos profissionais ativos. A proporção média é de 6,21 médicos por mil habitantes nas capitais, enquanto o índice no interior cai para 1,72 médico.
Além de tais disparidades, a distribuição de médicos também é desigual por regiões — embora o Sudeste abrigue 42% da população, os médicos na região representam 53% do total.
O CFM apontou que, desde 2010, a população brasileira passou de 190,7 milhões para 214 milhões, já a proporção de médicos por mil habitantes foi de 1,76 para 2,56. Nesse período, mais de 200 escolas de medicina surgiram, com cerca de 28 mil médicos entrando no mercado anualmente.
Fonte: g1 CE