O petróleo que há quase dois meses atinge a costa brasileira no maior acidente ambiental do país em extensão e duração chegou aos manguezais —e isso é grave.
Primeiro, porque os manguezais são “ecossistemas essenciais” para o planeta, como são unânimes em descrever os especialistas. Segundo, porque é praticamente impossível retirar o petróleo dessas regiões.
O óleo chegou a manguezais em pelo menos três Estados. Em Pernambuco, atingiu pelo menos sete rios. Também chegou a áreas de mangue em estuários de Sergipe e da Bahia.
Manguezais são ecossistemas costeiros, de transição entre a terra e o mar, que ficam em regiões tropicais e subtropicais do planeta. É ali onde ficam aquelas plantas retorcidas por cima da lama escura que, de acordo com a maré, ora ficam cobertas pela água salgada do mar, ora ficam expostas com as raízes fincadas na água que se mistura à dos rios.
Peixes, camarões, moluscos, caranguejos e outros organismos habitam esses ecossistemas.
O Brasil tem quase 14 mil quilômetros quadrados de áreas de manguezais, segundo o Atlas dos Manguezais do Brasil, um documento produzido pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) publicado em 2018.
Além disso, o país tem a maior extensão contínua de manguezais do mundo, e fica em segundo ou terceiro lugar entre os países com maior área de manguezal — a classificação muda de acordo com a metodologia aplicada.
“Meu medo é que a gente dê muita atenção para a praia e se esqueça de olhar para o manguezal, onde tem o berçário das espécies. Isso vai ter impacto a médio e longo prazo muito grande”, diz à BBC News Brasil Marcio Alves-Ferreira, professor do Departamento de Genética da UFRJ que pesquisou o impacto de petróleo em plantas de mangue (leia entrevista completa).
Fonte: G1 (Com BBC News Brasil)