As palavras tropeçavam entre as tuas mãos trêmulas. O medo e o desejo disputavam espaço. Chá de erva doce, muito açúcar e quente de queimar lábios. Entre um gole e outro, redescobria teu sorriso, guardado numa caixa de mistério e de delicadeza, jogada entre as estrelas.
Conjugamos a noite inteira o verbo relembrar, o aconchego e o companheirismo iluminaram o tabuleiro que não mostraram os caminhos do presente e do futuro. Tentamos decifrar a música cantada de silêncios, ainda assim dançamos, na sintonia do que foi possível. Talvez não fosse o tempo dos furacões e das pimentas.
Mas ainda é tempo de apimentar as estradas, temperar diálogos, incentivar o verso, desvendar outros entendimentos, tocar nas nuvens e cultivar a magia da simplicidade.
Já temos alguns cabelos brancos e marcas na face, vidas postas no mundo, alguns livros a mais e calos na paciência. Hoje não matarei os teus sorrisos, porque estou lendo Neruda e refazendo os caminhos que nos fizeram.
Por Alexandre Lucas. Pedagogo, artista, educador e integrante do Coletivo Camaradas
*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri