É tudo verdade. Andou em cima do sol, fez bola de fogo e jogou sobre a terra, não saiu nos jornais, mas aconteceu, parece que foi hoje, mesmo tendo sido ontem, ou há algum tempo. Ainda é possível ver as chamas, mas é preciso ficar distante para enxergar.
Voltou para terra. Carregava um sorriso de esconder do universo qualquer verdade. Vestido branco bordado com imagens de algodão doce, cabelos em tranças, olhos verdes e brincava de bolinha de sabão, enquanto, o velho que contava histórias, desenhava na praça, os bancos que faltava e fazia anotações das contas para pagar em papel de um calendário antigo.
Olhando aquele velho, resolveu se aproximar, continuou fazendo bolinha de sabão. Desfez cada banco e sumiu com o papel de calendário antigo. O velho contava que passou anos procurando um lugar para sentar e que já não sabia a quem devia.
O velho morreu, passou na rádio, ninguém diz que foi de desgosto, não se morre disso, assim dizem os vivos, já que morto não diz nada.
Com o seu vestido branco, bordado com imagens de algodão doce, cabelos em tranças e olhos verdes, continua na praça brincando de bolinha de sabão e preparando bolas de fogos.
Por Alexandre Lucas. Pedagogo, artista, educador e integrante do Coletivo Camaradas
*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri