A escritora e acadêmica brasileira Nélida Piñon morreu aos 85 anos em Lisboa neste sábado (17). Ocupante da Cadeira 30 da Academia Brasileira de Letras (ABL), para qual foi eleita em 27 de julho de 1989, ela foi a primeira mulher a presidir a entidade em 100 anos.
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A causa da morte não foi divulgada. Segundo o atual presidente da ABL, Merval Pereira, ela teve problemas nas vias biliares e passou por uma cirurgia de emergência, mas não resistiu.
“É uma perda para a literatura brasileira. Era, provavelmente, a maior escritora viva do país”, disse Pereira em entrevista à Globonews.
De acordo com a ABL, o sepultamento será no mausoléu da entidade, que fará uma Sessão da Saudade no dia 02 de março de 2023, no Salão Nobre, em homenagem à autora. “Nélida foi uma das maiores representantes da literatura brasileira”, afirmou a organização em nota.
Nélida Piñon nasceu no Rio de Janeiro em 1937 e se formou em Jornalismo, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Segundo o site da ABL, ela foi a primeira mulher no mundo a presidir uma academia de letras.
Com mais de 20 livros publicados, suas obras foram traduzidas em mais de 30 países. Entre eles, romances, contos, ensaios, discursos, crônicas e memórias.
Vencedora de dezenas de prêmios, nacionais e internacionais, colaborou em diversos jornais e revistas literárias e foi correspondente no Brasil da revista “Mundo Nuevo”, de Paris.
Seu primeiro romance foi publicado em 1961, “Guia-mapa de Gabriel Arcanjo”. Em 1972, lança “A Casa da Paixão”, considerado um de seus melhores e mais conhecidos romances, vencedor do Prêmio Mário de Andrade.
Entre os prêmios ganhos, estão o Prêmio Internacional Juan Rulfo de Literatura Latino-Americana e do Caribe, em 1995 (primeira vez dado a uma mulher e para um autor de língua portuguesa); o Bienal Nestlé, categoria romance, pelo conjunto da obra, em 1991, e o da APCA e o Prêmio Ficção Pen Clube, ambos em 1985, pelo romance “A República dos Sonhos”.
Nélida foi titular da Cátedra Henry King Stanford em Humanidades, da Universidade de Miami, no período de 1990 a 2003 (ocupada anteriormente por Isaac Baschevis Singer, prêmio Nobel de Literatura de 1978).
Em 1998, foi primeira mulher a receber o Doutor Honoris Causa da Universidade de Santiago de Compostela, na Espanha, 1998.
Nélida foi a quinta ocupante da cadeira 30 da ABL, que tem como patrono Pardal Mallet. Os outros ocupantes que antecederam a escritora foram Pedro Rabelo (fundador), Heráclito Graça, Antônio Austregésilo e Aurélio Buarque de Holanda.
Em janeiro, recebeu nacionalidade espanhola, país pelo qual sempre teve grande proximidade, por causa dos avós galegos.
“Hoje eu sou a brasileira que sempre fui e adicionei, a essa minha maravilhosa nacionalidade brasileira, a nacionalidade espanhola e passo a pertencer à União Européia. Quando penso em Espanha, penso em seus grandes mortos. Cervantes, por exemplo (…) Penso nos meus mortos, no meu avô Daniel, na minha avó Mada, na minha mãe Carmen, no meu amado pai, Lino”, afirmou a escritora na ocasião.
Fonte: g1