“Tristeza e resistência”, foram os sentimentos do estudante Gabriel Chagas, 25 anos, quando viu as manchas de óleo atingir as praias de Fortaleza. O jovem, que atua como voluntário no Instituto Verdeluz desde 2014, esteve presente em duas ações de limpeza na Praia Porto das Dunas e na Praia do Futuro, na Grande Fortaleza.
Gabriel é um entre centenas de voluntários que improvisam equipamentos e arriscam a própria saúde para limparas praias nordestinas, afetadas por uma mancha de petróleo cru que prejudica o litoral do Nordeste desde o início de setembro. Mais de 200 praias dos nove estados da região foram poluídas.
A estudante de medicina veterinária Adla Farah conta que sofreu uma intoxicação ao ter contato com o óleo e por isso teve que se ausentar do trabalho voluntário. “Quando fui resgatar uma tartaruga viva que encalhou, eu a levei de volta para o mar e, depois, me sentei na areia para curtir o resto dia, mas fiquei com uma intoxicação”, lembra.
O G1 conversou com pessoas que estão dedicadas à limpeza das praias do Ceará, sem receber dinheiro ou recompensa pelo serviço. Elas acreditam que a preservação do meio ambiente e a redução do impacto ambiental recompensam o esforço e trazem retorno para todos.
Não foram esclarecidos quais danos à saúde humana as manchas podem causar, mas a Secretaria de Meio Ambiente do Ceará orienta que as pessoas evitem o contato com o óleo para evitar riscos. Mesmo com equipamentos improvisados, o voluntários se dedicam à retirada das manchas.
Entre a fauna marinha, a poluição já causou a morte de vários animais no Ceará e no Nordeste.
Viagem para se voluntariar
Camila Rodrigues, 30 anos, diz que o trabalho voluntário faz parte dos seus fins de semana. Quando não está trabalhando, ela está acompanhando as redes sociais de organizações não governamentais que tratam de questões ambientais e sociais. No domingo passado (20), Camila saiu da capital cearense para a praia de Barreiras, no município de Icapuí, para ajudar na retirada das manchas de óleo do local.
“Quando eu vi as imagens da contaminação do óleo nos outros estados do Nordeste, eu já ficava ansiosa pelo Ceará. A gente não tem escolha, todos temos o ímpeto de cuidar do que amamos. O que minha força física me permitir e minha saúde mental deixar eu farei”, ressalta.
Camila já tem o próprio equipamento de proteção individual para as intervenções. “Se eu estiver por perto, eu vou para lá; se eu não tiver as luvas, passo na farmácia rapidinho e compro aquelas branquinhas”, revela. “Me envolvo de inspiração altruísta, e o resultado não podia ser outro: vontade de colaborar, de unir forças e fazer acontecer”, conclui.
Adla Farah, de 27 anos, tem como motivação no trabalho voluntariado a conservação da natureza e dos animais. Adla tem interesse, principalmente, nos seres marinhos. A jovem foi a responsável do Instituto Verde Luz por buscar a primeira tartaruga encalhada com manchas de óleo na Praia da Sabiaguaba, em 2 de setembro.
A limpeza das praias do Ceará está sob responsabilidade da Secretaria do Meio Ambiente do Ceará (Sema) e da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace).
Por Yohana Capibaribe
Fonte: G1 CE