A depressão é uma doença que acomete mais de 280 milhões de pessoas no mundo todo. O quadro é caracterizado especialmente por dois sintomas: o humor depressivo (tristeza, sentimento de angústia e impotência) e anedonia, ou seja, a falta de prazer em fazer coisas que antes eram apreciadas.
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Só que a depressão também pode causar outros sinais que também estão presentes em outras doenças —e isso pode gerar uma certa confusão se o paciente não for bem observado.
De acordo com Rodrigo Lima, médico de família formado pela UPE (Universidade de Pernambuco) e ex-diretor da SBMF (Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade), a confusão ocorre porque algumas condições de saúde provocam sintomas popularmente associados à depressão, como falta de ânimo e de energia, sonolência, irritabilidade, oscilações de humor e alterações de sono e apetite.
“Daí a importância de o médico ouvir o paciente, sua história e os detalhes do relato, para tentar ser o mais assertivo possível na hora de um diagnóstico”, afirma o especialista.
Confira abaixo algumas doenças que podem se parecer com depressão, mas não são.
1. Hipotireoidismo
É uma das doenças que comumente mais são confundidas com depressão. Isso porque os hormônios da tireoide são responsáveis por regular as funções do metabolismo, incluindo batimentos cardíacos, digestão e até a capacidade de concentração do cérebro.
Assim, uma pessoa com hipotireoidismo, quando esses hormônios não são produzidos ou são em baixa quantidade, acabam apresentando sintomas como cansaço, fadiga, indisposição, falta de energia e ganho de peso, explica Augusto Santomauro Júnior, endocrinologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
2. Apneia do sono
A apneia do sono é um distúrbio em que a pessoa não consegue respirar corretamente enquanto dorme, provocando roncos, pequenos despertares ao longo da noite e uma importante redução de oxigenação no sangue.
Como resultado, o indivíduo não consegue descansar apropriadamente. “Ele já desperta cansado, sem energia, irritado e com dificuldade de interagir, sintomas que são associados à depressão”, afirma Rodrigo Lima.
Quem convive com outras pessoas tem mais chances de descobrir a doença rapidamente, já que o ronco incomoda muito. No entanto, quem mora sozinho pode ter dificuldades em chegar a um diagnóstico, que é feito por meio de análise clínica e após exame de polissonografia.
3. Fibromialgia
A fibromialgia é uma síndrome que provoca dores crônicas em todo o corpo, geralmente sem uma causa definida ou aparente, e que também pode provocar fadiga, problemas para dormir e falta de concentração.
A semelhança entre sintomas pode confundir. Mas a depressão também pode ser uma comorbidade associada à fibromialgia, o que também causa confusão.
“Ninguém vive bem com dor”, explica a psiquiatra Danielle H. Admoni, preceptora na residência da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e especialista pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria). “Então, quem tem fibromialgia pode, sim, evoluir para um quadro depressivo que vai piorar a outra condição”, explica a especialista.
Por isso, a doença —que se apresenta com mais frequência entre mulheres— deve ser tratada em conjunto com a depressão, para que o paciente sinta uma melhora mais efetiva.
4. Demência
Em idosos, os quadros de demência costumam provocar alterações de humor e de memória, além de dificuldades do sono. Com isso, é comum que exista a confusão com depressão.
“É importante salientar que, no idoso, as demências também podem vir associadas a algum transtorno mental, já que a redução de autonomia pode ter um impacto negativo na parte psicológica”, alerta Lima.
5. Transtorno bipolar
O transtorno afetivo bipolar, como oficialmente é chamado, é um quadro que causa alternância entre períodos de depressão e de mania —quando a pessoa tem uma energia excessiva e realiza muitas tarefas de forma frenética.
“Por isso, sim, uma pessoa com esse distúrbio precisa obrigatoriamente tem períodos com sinais de depressão”, afirma Admoni.
Por isso, vale conversar com seu médico especialista sobre essa possibilidade, especialmente se você sente que as oscilações de humor são muito extremas e acompanhadas de pensamentos acelerados, períodos de euforia e insônia.
6. Anemia
De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), a anemia é caracterizada pela deficiência de hemoglobina (substância proteica responsável por transportar o oxigênio pelo corpo) ou baixa quantidade de glóbulos vermelhos (as hemácias, que guardam em seu interior as hemoglobinas).
Essa deficiência tem inúmeras causas, como as genéticas e as relacionadas à falta de ferro —a mais comum entre os tipos de anemia.
“Com esse quadro, o indivíduo tende a ficar mais cansado, com menos disposição, o que pode ser sinalizado como depressão”, afirma a endocrinologista Claudia Chang, coordenadora e professora da pós-graduação em endocrinologia do ISMD (Instituto Superior de Medicina).
7. Falta de vitaminas
Assim como a falta de ferro, a deficiência de outras vitaminas também pode estar associada ao surgimento de anemias, o que aumenta a incidência de sintomas que podem se confundir com uma depressão.
Nesse sentido, a falta de vitaminas B12, B6 e ácido fólico são deficiências que podem causar sintomas como cansaço e falta de disposição.
Já a falta de vitamina D pode estar associada à depressão, mas os estudos ainda não são conclusivos.
“Algumas pesquisas mostram que pacientes com depressão têm menos vitamina D no sangue”, afirma Santomauro Júnior. No entanto, não fica claro se isso é uma causa ou consequência da doença, já que indivíduos depressivos tendem a se expor menos ao sol (por sair menos).
“A relação é ainda mais controversa porque, em estudos controlados, repor a vitamina D não melhorou os sintomas de pacientes com depressão”, explica o especialista, que acredita que mais estudos precisam ser feitos para estabelecer qual é a real relação entre a deficiência da vitamina e a doença.
8. Menopausa
Alguns estudos já fazem uma associação entre as oscilações hormonais típicas da perimenopausa —período que antecede a menopausa, como é chamada a última menstruação— e menopausa com sintomas depressivos.
Um estudo de Harvard, por exemplo, lembrou que mulheres têm duas vezes mais risco de desenvolver depressão e que a menopausa é um fator de risco para sintomas do transtorno.
Nesse sentido, os sintomas que podem surgir são o “nevoeiro mental”, dificuldade de concentração, problemas de sono e oscilações de humor.
Quando procurar ajuda?
A métrica é simples: ao apresentar qualquer um dos sintomas mencionados em uma intensidade e frequência que esteja comprometendo seu dia a dia, seu desempenho profissional e estudantil, é hora de buscar ajuda especializada.
“O auxílio médico no início dos sintomas é fundamental para iniciar o tratamento adequado cedo, melhorando o prognóstico de saúde do paciente”, afirma Chang.
Fonte: VivaBem/UOL