A queixa de palidez se refere à percepção da perda da coloração da pele, resultado da constrição dos vasos sanguíneos posicionados na regiões do corpo que ela aparece. Na maioria das vezes, esse sintoma é momentâneo, sem maiores consequências, mas também pode ser a manifestação de várias enfermidades. A mais frequente delas é a anemia, que afeta 30% da população do globo.
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A palidez pode ser observada em todas as pessoas, independentemente do gênero, e nas diferentes fases da vida sinalizará a presença de doenças específicas. Na idade reprodutiva, as mulheres são mais suscetíveis ao sintoma, enquanto entre os idosos, ela poderá se relacionar a doenças crônicas e até sangramento ativo no sistema gastrointestinal.
Quando o sintoma vem acompanhado de febre, dor abdominal, desmaios e dificuldade para respirar, os especialistas sugerem que se busque ajuda médica imediata. Para que a cor da pele volte ao normal, antes será preciso descobrir a origem do problema. Uma vez definido o diagnóstico, a estratégia é tratar a doença de base – o que, nos quadros simples, se fará por meio de medicamentos.
O que é palidez?
Esse sintoma é definido como a perda da coloração normal da pele ou das membranas mucosas, que são as partes úmidas do corpo. De modo geral, a palidez se relaciona ao volume de fluxo sanguíneo local que, quando reduzido, faz que a região passe a ter um tom esbranquiçado. Os médicos também podem se referir a ela como hipocoloração.
A palidez pode ser classificada como regional, afetando apenas uma parte do corpo, por exemplo, ou pode ser generalizada. Nesse último caso, será possível observar a perda da cor no rosto, na face interna da pálpebra inferior, na região interna da boca, lábios, unhas e palmas das mãos.
Por que isso acontece?
A causa mais comum da palidez é a anemia, que poderá estar relacionada a diferentes condições. Veja alguns exemplos:
• Gravidez
• Câncer e sangramento no trato digestivo
• Deficiência de ferro (o que prejudica a produção de hemoglobina nos glóbulos vermelhos)
Além disso, o sintoma pode se manifestar nas seguintes situações:
• Redução do fluxo sanguíneo local ou sistêmico (trombose, choque, respectivamente)
• Desmaio (antes ou depois dele)
• Exposição a baixas temperaturas
• Uso de determinados medicamentos (quimioterápicos, imunossupressores, por exemplo)
• Doença crônica de longa data (como a renal)
• Deficiências vitamínicas
• Vermes
• Direcionamento do sangue para órgãos mais nobres (como o cérebro, o coração, etc., em razão de algum processo infeccioso)
• Sangramento agudo
• Dor
• Susto
• Exposição mínima ao sol
• Infecções transmitidas por mosquitos (dengue, malária, febre amarela)
Quem está mais suscetível?
O sintoma pode acometer crianças, adultos e idosos, mas as mulheres, durante a idade fértil (desde a primeira menstruação até a menopausa), estão mais vulneráveis a ele. A razão para isso são os ciclos menstruais, que podem ser intensos e prolongados.
De acordo com Erick Barreto Pordeus, clínico geral do HC-UFPE, a depender da faixa etária, as pessoas serão mais suscetíveis à manifestação do sintoma.
“Na infância, podem ocorrer carências nutricionais e infecções por vermes; entre os adultos, poderão estar presentes doenças que reduzem a absorção de nutrientes (ferro, vitaminas, etc.), como a doença celíaca, além de enfermidades inflamatórias; na população idosa, tumores benignos ou malignos são causas importantes”, esclarece o especialista.
Por serem mais suscetíveis à anemia falciforme, a população afrodescendente também poderia estar mais propensa a apresentar palidez.
Quando procurar ajuda médica?
Todo sintoma que não passa precisa ser investigado e, no caso da palidez, o sinal de alerta é a presença de outras manifestações como febre, dor abdominal, falta de ar, desmaios, queda de pressão, batimento cardíaco acelerado, sangue nas fezes ou fezes escurecidas.
Caso observe palidez generalizada que aparece de repente, é preciso procurar o serviço de emergência.
O pediatra Ivan Savioli Ferraz, docente do Departamento de Puericultura e Pediatria da FMRP-USP, diz que crianças, adolescentes e jovens, de 0 a 19 anos, devem sempre ser acompanhados por um médico, exatamente para prevenir esse tipo de problema.
“No entanto, quando isso não ocorre e a palidez tem como causa a anemia, o cansaço ao fazer esforço, irritabilidade, falta de ar, sonolência, tontura e apatia poderão somar-se à palidez. Nessas situações, não dá para esperar. É preciso consultar um médico”, diz.
Os profissionais aptos para examiná-lo são o clínico geral, o pediatra e até mesmo o hematologista.
Como é feito o diagnóstico?
Na hora da consulta, o médico vai ouvir sua queixa, levantar seu histórico de saúde pessoal e familiar e fará o exame físico.
“A depender da cor da pele e da espessura dos vasos sanguíneos locais, pode ser difícil de identificar a palidez [como um sinal de anemia], já que ela pode se confundir com o tom natural da pele de cada pessoa – branca ou amarelada”, fala Bruno Spadoni, clínico geral e professor do curso de Medicina da PUC-PR.
Entre afrodescendentes, por exemplo, o sintoma será melhor observado na região dos olhos e da boca.
Após essas avaliações iniciais e para tirar a dúvida, o profissional deve solicitar exames: hemograma, dosagem de ferro, ferritina, e ainda investigará deficiências vitamínicas. No caso de suspeita de sangramentos gastrointestinais, a endoscopia e a colonoscopia poderão ser solicitadas.
O que esperar do tratamento?
Como, na maioria das vezes, a origem do problema é a anemia, a estratégia terapêutica dependerá da causa da doença.
Quando o problema decorre da deficiência de ferro, o tratamento será a suplementação do nutriente, que ocorrerá por via oral ou injetável. Em casos graves de anemia, pode ser necessária a transfusão sanguínea.
Caso o quadro decorra de um tumor no intestino, ele deve ser tratado o mais cedo possível para cessar a perda de ferro.
A depender das condições de saúde do paciente, a suplementação pode se dar por toda a vida, como em quadros de pessoas que fizeram cirurgia para perda de peso, ou por períodos determinados, como na gravidez.
Mulheres com fluxo menstrual excessivo poderão ser beneficiadas com o uso de anticoncepcionais, procedimentos uterinos ou cirurgia.
Evite a suplementação de ferro sem o devido acompanhamento médico. A razão para isso é que o excesso deve pode ser prejudicial a órgãos como o fígado, o coração e o pâncreas.
Fontes consultadas: Bruno Spadoni, médico clínico geral e professor do curso de Medicina da PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná); Erick Barreto Pordeus, médico clínico geral do HC-UFPE (Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco), que integra a Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), mestrando do Departamento de Medicina Tropical e professor das disciplina de semiologia e de urgência e emergências da mesma instituição; Ivan Savioli Ferraz, médico pediatra e docente do Departamento de Puericultura e Pediatria da FMRP-USP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo). Revisão médica: Erick Barreto Pordeus.
Referências: Kalantri A, Karambelkar M, Joshi R, Kalantri S, Jajoo U. Accuracy and reliability of pallor for detecting anaemia: a hospital-based diagnostic accuracy study. PLoS One. 2010 Jan 1;5(1):e8545. doi: 10.1371/journal.pone.0008545. PMID: 20049324; PMCID: PMC2797134.
Fonte: VivaBem/UOL