Condenado pelo assassinato de Daniella Perez (1970-1992), Guilherme de Pádua morreu na noite deste domingo (6), aos 53 anos. Ele sofreu um infarto. A informação foi confirmada pelo pastor Márcio Valadão, líder da Igreja Batista Lagoinha, congregação na qual o ex-ator atuou como pastor nos últimos 15 anos.
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“É um moço que a sociedade não compreende, porque ele praticou aquele crime tão terrível da Daniella Perez, foi preso, cumpriu a pena, mas se converteu. Era uma lagarta e virou borboleta. Chegou a notícia que, dentro de casa, agora caiu e morreu. Morreu agorinha. Acabou de morrer”, anunciou Valadão, em uma live feita pouco depois das 22h no Instagram.
“Aquilo [a notícia da morte de Guilherme] para mim foi um impacto muito grande, pois hoje, às 10h, eu estava dirigindo o culto, e ele estava no primeiro banco com a esposa, servindo ao Senhor, cantando, orando e louvando”, disse o religioso, que deu a notícia com tranquilidade e em alguns momentos com sorriso no rosto.
Pádua nasceu em 2 de novembro de 1969, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Se mudou para o Rio de Janeiro na década de 1980 para tentar a carreira de ator. Fez teatro e se tornou ator da Globo. Em 1992, ele assassinou sua colega de novela, Daniella Perez, filha de Gloria Perez. Após ser condenado, preso e libertado, virou pastor.
O nome dele e o de Paula Thomaz, com quem o ator era casado na época do crime, voltaram a aparecer na mídia neste ano, com a estreia da série Pacto Brutal na HBO Max. Paula também foi condenada pelo assassinato de Daniella.
Morte de Daniella Perez
O ex-ator e Daniella faziam parte do elenco da novela das oito De Corpo e Alma (1992), a primeira que Gloria Perez assinou como autora. Na trama, a atriz de 22 anos vivia a bailarina Yasmin, apaixonada por Caio (Fabio Assunção).
No entanto, como as famílias dos dois eram inimigas, a jovem se envolveu com o motorista de ônibus Bira (Guilherme de Pádua), um rapaz bruto e machista, mas que ajudava a família dela.
Ao longo dos capítulos, o namoro de Yasmin e Bira terminou, para que a personagem voltasse a ficar com seu par romântico inicial, Caio. Pádua não gostou de ter sua quantidade de cenas reduzida e passou a pressionar Daniella para que Gloria desse mais importância a seu personagem. Alguns colegas de elenco começaram a perceber o assédio.
“Dez dias antes do trágico ocorrido, vi Daniella entrar no carro da atriz Juliana Teixeira pedindo para irem logo embora. E que não desse carona para Guilherme, porque ela não aguentava mais ele ficar alugando o ouvido dela o tempo todo”, disse a atriz Carla Daniel, em depoimento resgatado por Gloria em um site que reúne todos os desdobramentos do crime. Carla vivia a ex-namorada de Bira, Sheila.
A pressão de Pádua sobre Daniella aumentou em 28 de dezembro, dia em que um novo bloco de capítulos chegou para o elenco. O ator só aparecia em dois de seis episódios e intimidou a moça na frente de todo o elenco.
“Você já contou para sua mãe que esse sujeito está lhe perseguindo?”, questionou o ator Sandro Solviatti. Daniella negou, dizendo que não queria prejudicar ninguém. “Se você não contar hoje, amanhã eu ligo para sua mãe e conto!”, disse ele. Mas não houve tempo para isso.
O crime
Na noite de 28 de dezembro de 1992, Daniela estava voltando para casa após as gravações da novela quando seu carro foi fechado pelo veículo do então colega de cena. “Ela sai do carro cobrando explicações, ele a desacorda com um soco e a atira no interior do Santana, que sai dirigido por Paula Thomaz”, escreveu Gloria Perez no site. Paula Thomaz era mulher do ator na época.
Minutos depois, moradores de um condomínio na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, chamaram a polícia para verificar a presença de carros num matagal. Um policial encontrou apenas o carro usado por Daniella, que pertencia ao marido dela, o ator Raul Gazolla. Mesmo armado, o agente decidiu se esconder atrás de uma árvore. E tropeçou no corpo de Daniella.
“Foram 18 estocadas no coração e no pescoço. Um violento soco na face direita, de acordo com os laudos periciais, aplicado minutos antes da morte. Nenhuma lesão de defesa”, contou Gloria. “Naquela mesma noite, [Guilherme de Pádua e Paula Thomaz] foram à delegacia, no carro onde cometeram o crime, para abraçar nossa família e prestar condolências.”
Fonte: Notícias da TV