O processo de beatificação do padre Cícero, divulgado neste sábado (20), foi autorizado pela Igreja Católica. Para Padre Cícero ser beatificado, uma comissão precisa comprovar que graças e um milagre foram alcançados por intermédio do “santo popular”.
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Há vários relatos de graças intermediadas por padre Cícero, como o caso do comerciante Inácio Job de Oliveira. Ele atribui a cura de um filho ao sacerdote. O comerciante conta que perdeu uma filha por problemas de saúde. A esposa engravidou novamente e nasceu um filho, no entanto, com problemas de saúde iguais ao anterior.
“Veio o segundo o filho, ele já veio com problema e com 15 dias, faleceu. Descobrimos que ela [a mulher de Job Oliveira] tinha RH negativo e eu, positivo, tinha incompatibilidade sanguínea [o que pode causar eritroblastose fetal, quando células da mãe atacam as células do sangue do bebê]. Ela engravidou novamente, e meus patrões nos mandaram pra São Paulo na época”, afirmou.
Inácio Job de Oliveira diz que quando entrou na sala do médico, viu a imagem de padre Cícero sobre o birô. O comerciante conta que o médico perguntou se eles eram de Juazeiro do Norte e se acreditavam nele. O comerciante e a mulher responderam que sim; e caso o filho ficasse com saúde, iriam colocar o nome dele de Cícero de Juazeiro.
“Nós ficamos animados, com os olhos de chorar, mas animados. No dia seguinte, começou o tratamento com ele e realmente e extraiu o menino com oito meses, fez toda a transfusão de sangue, e o resultado é que hoje o menino já crescido, criado, formado e bem conceituado”, afirmou.
Segundo o diácono, Rodrigo Leite, histórias como a do comerciante são necessárias para a beatificação.
“Essas histórias de graças alcançadas são muito importantes porque no processo há necessidade da fama de santidade e de sinais, que são alcançadas por meio do servo de Deus padre Cícero. Entretanto, para a beatificação é necessário um milagre no sentido clássico do termo, e quem comprova um milagre é a comissão com ajuda de peritos da Santa Sé”, explicou.
Hóstia de sangue
Para que ele seja beatificado é preciso comprovar também a realização de um milagre. O “conceito clássico de milagre”, segundo o diácono Rodrigo Leite, requer três pré-requisitos:
• é preciso que seja algo inexplicável, uma doença incurável; por exemplo, que a medicina não tem a cura
• precisa ser uma cura imediata
• precisa ser uma cura permanente, ou seja, a doença não retornou
Ainda não foi revelado o milagre que a Diocese do Crato vai argumentar na defesa da beatificação, mas uma possibilidade é a transformação da hóstia da fiel Maria de Araújo
Em março de 1889, padre Cícero celebrava uma missa e, no momento da comunhão, a fiel Maria de Araújo recebeu a hóstia que se toronou vermelha como sangue quando pôs na boca. O milagre eucarístico realizado em missas celebradas por padre Cícero se repetiu e ganhou fama por todo o Nordeste.
De acordo com o professor e estudioso de padre Cícero Renato Casemiro, depois do caso, o bispo de Fortaleza, Dom Joaquim José Vieira, enviou uma comissão para analisar o caso. Dom Joaquim José Vieira não acreditava no milagre.
“Médicos foram enviados pela Arquidiocese de Fortaleza. Eles foram até o local verificar se houve de fato a transformação da hóstia consagrada no sangue de Cristo. Os estudiosos da época disseram que não havia como explicar o fato. Uma explicação natural para o fenômeno. Aí foi enviado outra comissão”, explicou o estudioso.
Ainda sobre a hóstia de sangue, Renato Casemiro afirma que o milagre acontece com a beata. Foi uma intervenção divina que aconteceu. “Esse milagre acontece com a beata. Padre Cícero apenas observou. Ele pede a graça e acontece essa graça. Foi um fato que acontece com ele sendo o padre Cícero, objeto dos milagres. Houve uma intervenção divina com a beata”, disse.
Fonte: g1 CE