O presidente Jair Bolsonaro (PL) esteve com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, no dia 9 deste mês, mesma data em que o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro ligou para sua filha e revelou que foi alertado pelo mandatário sobre a possibilidade de ser alvo de uma busca e apreensão. A pasta é responsável pela PF (Polícia Federal).
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Bolsonaro viajou com quatro ministros para Los Angeles para participar da Cúpula das Américas. No evento, ele teve um encontro bilateral com o presidente norte-americano, Joe Biden.
Além de Torres, estavam na comitiva de Bolsonaro o chanceler Carlos França; o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga; e o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite; além do secretário de Assuntos Estratégicos, almirante Flávio Rocha.
Milton Ribeiro foi preso na quarta-feira (22) pela PF em uma operação batizada “Acesso Pago”. A ação apura indícios de pagamento de propina e atuação de lobistas no processo de liberação de verbas do ministério a municípios. No total, foram quatro mandados de prisão e 13 mandados de busca e apreensão distribuídos entre quatro estados (São Paulo, Goiás, Distrito Federal e Pará).
No dia seguinte, o ex-ministro da Educação deixou a carceragem da PF de São Paulo, na zona oeste da cidade. O pastor foi solto por volta das 15h, após a decisão do desembargador Ney Bello, do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região), que ordenou a soltura dele e dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura.
De acordo com transcrição divulgada pela GloboNews e obtida pelo UOL, a conversa de Milton Ribeiro se deu com a filha. O ex-ministro diz que recebeu informações de Jair Bolsonaro sobre uma possível operação:
• “Ministro para a filha: “A única coisa meio… hoje o presidente me ligou… ele tá com um pressentimento, novamente, que eles podem querer atingi-lo através de mim, sabe? É que eu tenho mandado versículos pra ele, né?”
• “Filha pergunta: “Ele quer que você pare de mandar mensagens?”
• “Ministro responde: “Não! Não é isso… ele acha que vão fazer uma busca e apreensão… em casa… sabe… é… é muito triste. Bom! Isso pode acontecer, né? Se houver indícios, né?”.
Mulher de Ribeiro disse no dia da prisão que ex-ministro já sabia
Myrian Ribeiro, esposa de Milton Ribeiro, disse no dia da prisão que o ex-ministro da Educação já “estava sabendo” sobre a realização da operação contra ele, mas se recusava a acreditar. O trecho do diálogo, e que consta nas investigações, foi divulgado hoje pelo jornal O Globo.
“No fundo não queria acreditar, mas ele tava sabendo. Pra ter rumores do alto, a coisa… é porque o negócio já tava certo”, disse em telefonema interceptado pela Polícia Federal.
De acordo com o jornal, a ligação de Myrian aconteceu às 9h19 da última quarta-feira (22). Ela falava com uma pessoa da família e se dizia abalada com a situação, enquanto o parente tentava tranquilizá-la sobre a operação.
Delegado da PF diz que Milton Ribeiro estava ‘ciente’ de buscas
O delegado da Polícia Federal Bruno Calandrini afirmou que o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, “estava ciente da execução de busca e apreensão em sua residência” e que recebeu a informação “supostamente” através de ligação recebida do presidente Jair Bolsonaro (PL).
As informações constam em despacho enviado por Calandrini à Justiça Federal. Mais cedo, o juiz Renato Borelli, da 15ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal, encaminhou o caso para o STF (Supremo Tribunal Federal) após suspeita de interferência de Bolsonaro.
“Nos chamou a atenção a preocupação e fala idêntica quase que decorada de Milton com Waldemiro e Adolfo e, sobretudo, a precisão da afirmação de Milton ao relatar à sua filha Juliana que seria alvo de busca e apreensão, informação supostamente obtida através de ligação recebida do Presidente da República.”
Bruno Calandrini, delegado de Polícia Federal
Fonte: UOL