O Brasil vive nova alta de casos da Covid-19 e alguns fatores ajudam a explicar o que especialistas consideram a quarta onda da pandemia no país. Muitas pessoas que escaparam da doença até agora acabaram infectadas e dúvidas surgem: afinal, quando devo testar? Qual exame fazer? Quanto é o tempo de isolamento e qual o momento de buscar ajuda médica?
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Dados do Conass (Conselho Nacional de Secretários da Saúde) indicam que a média móvel de novos casos diários é de 31 mil. No final de abril, o índice era de 12 mil.
Um levantamento do laboratório Dasa também mostrou aumento na positividade para a doença subindo 4% em uma semana, e 10% em duas. A alta é liderada pelo Distrito Federal, seguido por São Paulo e Rio de Janeiro. Em São Paulo, por exemplo, o Hospital Sírio-Libanês voltou a ter alas inteiras para pacientes da Covid-19.
Por que os casos estão subindo?
A nova alta de casos pode ser explicada pelas variantes de alta transmissibilidade em circulação —sobretudo as replicações da ômicron—, além da flexibilização dos protocolos sanitários e o tempo de intervalo das últimas doses da vacina.
No entanto, é seguro admitir que o cenário é diferente de ondas anteriores, em especial quando ainda não se tinha vacina e os desfechos graves da doença eram mais frequentes. “Do ponto de vista epidemiológico, temos ondas muito clássicas, agora estamos vendo altas por conta da flexibilização”, explica Alexandre Naime, vice-presidente da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) e professor da Unesp (Universidade Estadual Paulista).
Os casos também são impulsionados pelas subvariantes derivadas da ômicron. “Ela é um vírus muito camaleônico e consegue fugir da resposta imune, em que você pode ter reinfecção pela própria ômicron”, alerta Naime. Isso se explicaria pelas mutações entre as cepas e baixa na proteção com o passar do tempo.
Segundo o infectologista, é possível se reinfectar em torno de dois ou três meses após a primeira contaminação por algum subtipo de variante. Por isso, muitas pessoas que tiveram Covid-19 no início do ano estão novamente com a doença. A notícia positiva é que os quadros seguem sem evolução grave, reforçando o papel das vacinas no controle pandêmico.
Quando e como testar?
As recomendações são as mesmas desde o início da pandemia. A prioridade é realizar teste RT-PCR, mais confiável para o diagnóstico. Na sequência, antígeno ou o autoteste, liberado no Brasil há alguns meses.
Mas é importante lembrar que esses últimos podem indicar falsos negativos, quando a pessoa está com a doença e o resultado aponta que não. “Autoteste é instrumento de triagem, tem que confirmar por teste em laboratório particular ou público, isso é assim desde o começo da pandemia”, indica o infectologista Alexandre Naime.
Quanto tempo é o isolamento da Covid-19?
Desde janeiro, o Ministério de Saúde recomenda isolamento de sete dias após o início dos sintomas ou data do teste, se houver. É preciso estar sem febre, medicação e sintomas respiratórios para ser liberado. Caso persistam os sinais da doença, os protocolos devem ser mantidos por mais três dias, completando o tempo padrão de 10 dias, explica a infectologista Raquel Stucchi, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
O protocolo também vale para quem fez isolamento de cinco dias. Após o período, é preciso testar negativo para circular novamente, mantendo o uso de máscara por precaução.
É válido lembrar que, em casa, também é necessário se isolar em caso das demais pessoas não estarem com a doença. Avisar aqueles com que teve contato nos dias que antecederam sintomas ou a data do teste é importante para evitar a disseminação do vírus.
Veja os protocolos de isolamento:
Isolamento de cinco dias
A pessoa só poderá sair do isolamento nesse prazo se no fim do quinto dia:
• Não estiver com sintomas respiratórios nem febre há pelo menos 24 horas, sem tomar remédios antitérmicos para baixá-la;
• Testar negativo com exames de PCR, antígeno ou autoteste.
Mesmo se a pessoa testar negativo, é indicado continuar adotando medidas adicionais, como trabalhar de casa, se puder, e usar máscara em locais com pessoas. Se o indivíduo ainda testar positivo, é necessário manter o isolamento até o décimo dia.
Outra observação é a necessidade em manter uso de máscara por ao menos 10 dias. “Aqueles que saírem antes desse período devem usar máscara PFF2, evitar locais fechados, sem ventilação natural, e evitar o contato com pessoas não vacinadas e com risco de agravamento da Covid [como crianças, idosos e pessoas imunocomprometidas]”, orienta Stucchi.
Isolamento de sete dias
Ao fim de sete dias, é possível sair do isolamento sem teste se o paciente:
• Não estiver com sintomas respiratórios nem febre por pelo menos 24 horas;
• Não tiver tomado remédio antitérmico há pelo menos 24 horas. Neste caso, não é necessário fazer teste para comprovar o negativo. Se os sintomas respiratórios ou febre persistirem no sétimo dia, o indivíduo deve seguir outras orientações.
Caso a pessoa teste negativo no sétimo dia, pode sair do isolamento, desde que o exame seja de PCR, antígeno ou autoteste e desde que aguarde 24 horas sem sintomas respiratórios ou febre e sem uso de antitérmico.
Isolamento de 10 dias
Se o teste der positivo no quinto ou no sétimo dia, a pessoa deve manter o isolamento até o décimo dia. Para sair da quarentena no décimo dia, é necessário:
• Estar sem sintomas respiratórios e sem febre por pelo menos 24 horas;
• Não ter utilizado antitérmico por pelo menos 24 horas.
Precisa continuar usando máscara?
Após o período de 10 dias, a recomendação é seguir as diretrizes de cada região sobre o uso de máscara. Na cidade de São Paulo, por exemplo, a prefeitura voltou a recomendar a utilização em espaços fechados.
Também é importante avaliar os riscos pessoais de exposição e, caso sejam altos, mantê-la. Entre eles, a possibilidade de contrair novamente o vírus ou infectar quem possa ter desfechos graves da Covid-19.
Quando buscar atendimento médico?
O infectologista Alexandre Naime lembra ser importante buscar acompanhamento médico para monitorar a progressão da doença. “Todos os casos devem ser seguidos para monitoramento clínico do paciente, seja telemedicina ou consulta presencial”, diz.
Pessoas com fatores de risco para progressão grave da Covid-19 (quem não foi vacinado, idosos e imunocomprometidos, por exemplo) e aquelas com comorbidades devem priorizar a procura pelos profissionais de saúde.
Pessoas com três ou quatro doses da vacina podem pegar Covid?
Sim, isso acontece porque o principal objetivo da vacina é proteger contra impactos graves da doença. “Uma coisa é efetividade da vacina contra formas graves, e o maior benefício é reduzir hospitalização e óbitos”, lembra Naime.
Ou seja, o imunizante não assegura que as pessoas não vão ficar doentes, mas reduz o risco das consequências da Covid-19.
“Antes das vacinas, 15 em cada 100 pacientes eram hospitalizados e três em cada 100 morriam. Hoje, existem cinco hospitalizações em cada mil casos confirmados e uma morte a cada mil”, destaca Naime. Os dados são do Ministério da Saúde e consideram três doses.
Fonte: VivaBem/UOL