O homem é ao mesmo tempo obra e construtor do ambiente que o cerca, o qual lhe dá sustento material e lhe oferece oportunidade para desenvolver-se intelectual e espiritualmente. A importância do conhecimento de senso comum, empírico, científico, filosófico e teológico nutre de forma dividida suas necessidades e o conhecimento holista transcende todos os outros e permite de forma clara e direta uma reflexão mais ampla dos saberes humanos e sua estada na terra. Em larga e tortuosa evolução da raça humana neste planeta chegou-se a uma etapa em que, graças à rápida aceleração da ciência e da tecnologia, o homem adquiriu o poder de transformar, de inúmeras maneiras e em uma escala sem precedentes, tudo que o cerca. A revolução industrial em suas fases propiciou o aceleramento destas transformações em escala de tempo muito fortes. O aspecto do meio ambiente, é essencial para o bem-estar dos seres e para o gozo dos direitos humanos fundamentais, inclusive o direito à vida mesma.
Na conferência de Estocolmo 1972 se tem início a construção da Carta da Terra e se proclama a necessidade de uma sustentabilidade garantida a todos e todas. No fim dos anos 1980, consolida-se o discurso atualmente ainda hegemônico a respeito da crise ambiental, por meio da categoria de “sustentabilidade”. Elaborada no relatório Brundtland (1887), a sustentabilidade tem como corolário o avanço tecnológico como a principal solução para os problemas ecológicos, pois estratégias inovadoras permitiriam uma superação dos impasses de exploração do ambiente e resultariam inclusive em desenvolvimento social. A Eco-92 iniciou o processo e chegou a um primeiro consenso sobre a “Declaração de Princípios do Rio”. Formou-se uma secretaria internacional incumbida de dar prosseguimento ao projeto Carta da Terra. Em 1995 – Seminário Internacional sobre a Carta da Terra, realizado em Haia, na Holanda. Ali foram definidos as necessidades, os elementos principais e a forma de elaboração da Carta da Terra. Em 1996 – Inicia-se, com vários grupos, o processo de consulta, como parte da preparação para a Rio+5, que ocorreu no Rio de Janeiro, em 1997, cinco anos depois da Eco-92. Em 1997 – Durante a Rio+5 foi constituída uma Comissão da Carta da Terra. Naquela ocasião chegou-se ao texto da primeira minuta de referência, que baliza hoje as discussões em todo o mundo. Em 1998 – Realização em Cuiabá, Mato Grosso/Brasil, da primeira conferência regional, envolvendo os países da América Latina e Caribe e da América do Norte. Essa conferência abriu o processo das sistematizações continentais. Com todas estas medidas acordadas entre os países signatários da ONU, ainda se percebe de maneira muito clara em setores da sociedade a resistência e o combate direto a busca por um mundo sustentável. É inegável que os defensores do desenvolvimentismo neoliberal proclamem a necessidade da destruição ambiental baseada na perspectiva do acúmulo dos bens materiais com a justificativa que precisamos avançar e “construir” um mundo melhor. Dentre as mais importantes características dos defensores da exploração desenfreada figuram a incapacidade de proteger seus cidadãos da tragédia já anunciada há muito tempo, talvez até mesmo da destruição total da vida na terra.
O discurso promovido por asininos com o intuito de descredenciar a importância do conhecimento, e muitas vezes reverberado por muares que o seguem comprovam que a tese de uma sociedade menos provida de conhecimento é a melhor forma para implementar suas práticas de destruição irreversíveis. São apoiadas por governantes inescrupulosos que dão mais prioridades a garantir o poder e a riqueza dos setores que dominam o Estado. Outra característica é serem ‘seres com Estados fora-da-lei’, cujas lideranças tratam com desprezo o direito e os tratados internacionais, instrumentos de aplicação compulsória para outros, mas não para o Estado fora-da-lei e sua gangue de lorpas. A adoração a políticas imperialistas e de posicionamento duvidoso vindas do tio Sam certifica esse ambiente tosco e desumano proferido pela gangue dos milicianos e senhores do bem. A concentração de renda, dominada pelas corporações, belicosa e descumpridora de normas e convenções internacionais por ser julgar acima do bem e do mal. Não se pode esquecer das narrativas mentirosas e manipuladoras da grande mídia nacional, que é sempre foi capacho dos interesses escusos dos neoliberais de plantão. O obscurantismo doentio das elites, que se espalha também nos setores alienados, é suicida, degradante, nefasto e carregado da pior forma de fascismo.
Uma mudança de paradigmas para um vida sustentável é urgente e necessária, se não estaremos fadados a destruição do bem mais valioso que temos a Vida. Essa não valorização da vida pautada no desconhecimento promove a construção de uma sociedade duvidosa e degradante. Cabe aos defensores do conhecimento promover o debate em casa, no seu local de morada, na sua região e no mundo vociferar a necessidade de um sociedade com mais empatia as causas coletivas e não individuais. A grande violência existente está no crime cometido em garantir a soberania de um pequeno grupo no poder garantindo suas benesses.
Por Sandro Leonel. Um kaririense inquieto
*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri