Após dois anos de interrupção por conta das medidas sanitárias impostas para conter a pandemia da Covid-19, a procissão do Pau da Bandeira, em Barbalha, foi realizada neste domingo, dia 29 de maio. Uma multidão foi às ruas do Município localizado no Sul do Estado para prestigiar um dos maiores eventos religiosos do Interior cearense: a festa de Santo Antônio, popularmente conhecida como Festa do Pau da Bandeira.
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“Eu vim de Vitória de Santo Antão [Pernambuco]. Sempre quis conhecer o Cariri, mas nos últimos anos, por conta da Covid-19, não podemos realizar esse desejo. Hoje, estamos aqui, meu marido, mãe, filho e eu, desfrutando dessa atmosfera incrível”, comemorou a autônoma Márcia Holanda, de 29 anos.
O sentimento de euforia não é exclusivo de Márcia. Sentimentos como o de “alegria e emoção” com o retorno de uma das mais antigas e tradicionais festas do Interior foram compartilhados pela maioria dos visitantes. Segundo a assessoria de comunicação da Prefeitura, 150 mil turistas visitarão a cidade até o fim da programação, no dia 12 de junho. A maior parte deste contingente concentra-se neste fim de semana de abertura.
“Ver essas ruas lotadas, respirando e pulsando cultura é muito gratificante. Os festejos de Santo Antônio São muito democráticos, é muito emoção ter seu retorno”, pontou a gerente do Sesc, Elane Lavor. O carregador do Pau da Bandeira, Thiago de Sá Barreta faz uso do mesmo adjetivo para definir a volta da procissão.
“É emocionante participar dessa festa da qual já faço parte há 24 anos. É uma emoção que não se explica. Hoje, a Festa do Pau da Bandeira não apenas é conhecida no Ceará, mas no Brasil inteiro. O retorno do cortejo é emblemático”, definiu Thiago.
Neste ano, a árvore escolhida foi um angico de 22 metros de comprimento, pesando cerca de 2,5 toneladas e meia.
O capitão do Pau, Rildo Teles, destaca que o cortejo de 8km, realizado em cerca de 7 horas, transcorreu “sem nenhum problema”. Ele lembra a morte do carregador Careca ao citar o processo rigoroso a que a festa foi submetida.
“Fizemos toda uma programação voltada para garantir a segurança dos carregadores. Realizar todo o percurso durante o dia nos dá mais tranquilidade. Também reforçamos a importância de que os turistas mantivessem o distanciamento do Pau enquanto ele estava erguido. Tudo deu certo, foi uma festa linda”, destaca Rildo.
Pau Angico
Após o fim dos festejos, em 13 de junho, o pau da bandeira é doado para a Igreja Católica, que realiza a destinação adequada do tronco.
“A cada edição tem um destino próprio. Às vezes a Igreja doa para alguma ONG, outras vezes ele é utilizado para suvenir, enfim, há uma preocupação em garantir uma utilização da madeira após a festa”, explica Rilson.
O Capitão do Pau observa ainda a conotação ambiental que a festa ganhou nos últimos anos. “Há, todos os anos, o replantio de mudas. Queremos que essa festa seja exemplo de cultura e tradição, mas também de consciência ambiental. Neste ano, as mudas receberam nos dos carregadores, uma forma de homenageá-los e incentivá-los a transmitir essa mensagem ambiental”, conclui Rildo.
Turismo em alta
A volta dos festejos de forma presencial aqueceu o turismo do Município, deixando a rede hoteleira em alta, próximo dos 100% de ocupação.
O estudante Maurício Neto, 29, que mora em Uberlândia (MG), retornou à cidade após 4 anos. “Voltar tem um significado especial. Barbalha respira cultura, é uma região rica, efervescente. É muito bom presenciar o retorno dessa festa tão reconhecida e importante”, conclui.
Por André Costa
Fonte: Diário do Nordeste