Caatinga é mata branca em tupi, referência à cor da vegetação durante os meses sem chuva. Mas na região do Cariri, no Ceará, cientistas têm descoberto que essa área ecológica é muito mais diversa para estar resumida na paisagem que se tornou um sinônimo do sertão. Um exemplo da biodiversidade do bioma são as cerca de 40 espécies de serpente encontradas na região.
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“A Caatinga é um mosaico. A Chapada do Araripe, por exemplo, faz parte dela, mesmo tendo uma área com características de cerrado e mata úmida”, afirma o zoólogo Samuel Ribeiro, professor da Universidade Federal do Cariri (UFCA).
Desmistificar a Caatinga é um caminho necessário para preservá-la. É o que afirma os pesquisadores, que acreditam que a conservação está diretamente ligada ao conhecimento que se tem do bioma.
É nisso que acredita a bióloga Raquel Soares. Ela afirma que, só no espaço de Caatinga do Sul do Ceará, existem em torno de 40 espécies diferentes de serpentes. E, dessas, apenas quatro são letais, se não houver atendimento médico imediato.
“Algumas pessoas encontram uma espécie de jiboia em casa e matam o animal. Só que ela [a serpente] não ameaça o ser humano”, afirma a pesquisa, que orienta que os moradores chamem os bombeiros para capturar o animal. “Nós estamos ocupando o espaço dos animais. Precisamos respeitá-los. Precisamos preservar a Caatinga para respeitar o espaço deles”, afirma.
Como pesquisadora, Raquel Soares utilizou como objeto de estudo, o lagarto papa-vento (Enyalius bibronii), animal bem adaptado ao Cariri. Assim como outras espécies do gênero, prefere áreas florestadas, mas, para proteção dos filhotes, através da cripsia (uma forma de camuflagem), o ambiente seco da Caatinga é ideal.
Preservação
O avanço no território quase extingue a espécie de pássaro que só existe em 3 municípios do Ceará: Barbalha, Crato e Missão Velha. A descoberta e a divulgação científica têm ajudado a salvar o soldadinho-do-araripe, espécie cujo macho tem penas brancas e negras com crista vermelha. A ave vive à beira das fontes d’água mineral que brotam na encosta da Chapada do Araripe.
Além do soldadinho, outras espécies estão ameaçadas e precisam de preservação. É o caso do sapo Proceratophrys Araripe, formalmente descrito em 2018. Ele fica nas áreas úmidas da chapada, é pequeno e se alimenta de pequenos invertebrados. É uma espécie descoberta há tão pouco tempo que sequer tem nome popular. O sapo vive no chão da mata e precisa de água correndo pelo chão para se reproduzir. A entrada dele na lista de extinção chama atenção para o cuidado que é preciso ter com o uso da água das fontes naturais do Cariri.
As duas espécies, quando estão presentes, atestam a qualidade do ambiente, o que acaba sendo uma garantia de recurso hídrico e ar puro para os próprios seres humanos.
Fonte: g1 CE