O relator da CPI do Motim, deputado Elmano de Freitas (PT), afirmou que a Associação dos Profissionais de Segurança (APS), presidida pelo policial Cleyber Barbosa Araújo, depoente desta terça-feira, 5, faz parte de “um braço político de um grupo político partidário”, da qual integram o deputado federal Capitão Wagner (UB), o deputado Soldado Noelio (UB) e o vereador de Fortaleza Sargento Reginauro.
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O petista alegou que a instituição de policiais tem a prática de sacar dinheiro na boca do caixa e que seu diretores usaram empresas fantasmas para financiar os protestos que culminaram nos motins de PMs em 2020.
“Eu não tenho nenhuma dúvida de afirmar que a APS é uma pessoa jurídica, braço político de um grupo político partidário, da qual integram o deputado (Capitão) Wagner, deputado Noélio, vereador Reginauro, que tem a prática de sacar dinheiro na boca do caixa, que seu diretores abrem empresa que nunca funcionaram, que funcionava outra empresa e que não se sabe pra onde dinheiro vai ou se desconfia agora pra onde se vai, e que está evidenciado no depoimento da testemunha que a APS financiou o transporte de policiais para os protestos que geraram motins no estado do Ceará”, disse Elmano.
Inicialmente, o parlamentar questionou o depoente sobre a suposta relação de integrantes da sua família com o gabinete de Wagner, pré-candidato da oposição ao governo estadual e presidente do União Brasil no Ceará. Cleyber confirmou que sua ex-esposa, Rafaele Cabrini, foi assessora do deputado federal. Porém, ele não soube informar se a sua prima segunda, Regidênia Albano Castro, assumiu o posto logo depois.
Confira:
Elmano: A senhora Rafaele Cabrini é sua prima?
Cleyber: Não, ela é minha ex deputado.
Elmano: Regidênia Albano é sua sobrinha?
Cleyber: Prima segunda.
Elmano: Procede que quando a sua esposa deixou de ser assessor do Wagner, sua prima segunda passou a integrar a assessoria do deputado Wagner?
Cleyber: Não sei informar. Não acompanho o que acontece lá, quem sai, quem entra.
Elmano: Nunca foi informado que sua esposa saiu da assessoria?
Cleyber: Para mim não, muito contato com ela não.
Elmano: E nem que sua prima, ao sair a ex-esposa sua, a sua prima entrou na assessoria dele, nunca soube?”
Cleyber: Não.
O relator prosseguiu com a mesma linha de investigação e perguntou se a APS tem o deputado Capitão Wagner como presidente de honra ou conselheiro constante da instituição. “A APS tem algum relacionamento político ou ação conjunta com o deputado Wagner?”, prosseguiu Elmano. O PM negou as duas questões, mas disse que gostaria de ter tais relações não apenas com o deputado federal, mas com os demais parlamentares.
A comissão então exibiu uma série de fotos onde o presidente da associação aparece ao lado de Wagner e outros parlamentares. “Página social da APS, é um convite para associados, o convite é conjunto da APS com soldado Noelio, Capitão Wagner e Sargento Reginaldo, mas vossa excelência acha que tem absoluta independência política partidária”, disse Elmano.
Em outro slide, o petista mostra outra publicação nas redes sociais da instituição. “O evento é realizado na Assembleia na página da APS é exatamente junto com o deputado Wagner, deputado Noélio e vereador Reginauro, isso que vossa senhoria gostaria de chamar de independência política partidária. Chamando para a mobilização”, prosseguiu.
Antes das considerações finais, o deputado comentou a última foto: “Aqui é a demonstração do evento, na página da APS ,convocada pela APS, o destaque na atividade é exatamente os três parlamentares de um mesmo grupo político partidário. Aqui na página da APS o deputado Soldado Noelio convida as pessoas para a mobilização. Para os protestos que geraram motim, ou seja, não era os parlamentares convidando a APS. Era junto convidado para os protestos”.
Em coletiva, Cleyber defendeu: “A minha esposa ela aparece, estava lá numa situação de assessora e tem uma prima segunda minha segunda se eu não me engano pelo nome que está. Eu não vejo nenhum tipo de ligação e por mais que seja algum parente não diz nada a respeito a mim, ao depoimento, ao propósito da investigação da CPI que era de fato de alguma forma comprovar que a associação, enfim, financiou e de fato não financiou”.
No dia 6 de fevereiro de 2020, Noelio e Reginauro estiveram como porta-vozes das negociações entre a categoria dos PMs e os parlamentares da Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE). Policiais militares, bombeiros e esposas estiveram reunidos em frente à Casa, no bairro Dionísio Torres, após divulgação da proposta de reajuste salarial para as categorias, apresentada pelo então secretário da Segurança André Costa, na sexta-feira, 31 de janeiro.
Por Filipe Pereira
Fonte: O Povo