Na trajetória de quase 57 anos da Globo, dezenas de novelas fizeram muito sucesso e chegaram a parar o Brasil em determinadas ocasiões. O que pouca gente sabe é que tramas memoráveis como Pantanal (1990) e O Clone (2001) escaparam, por pouco, de ir parar no lixo pelos mais variados motivos.
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O primeiro caso emblemático ocorreu em 1975, quando a emissora investiu pesado para comemorar seus dez anos e produziu a novela Roque Santeiro, que estrearia em 27 de agosto daquele ano.
No entanto, a história de Dias Gomes (1922-1999) foi censurada no dia em que estrearia, obrigando a emissora a colocar no ar uma reprise tapa-buraco de Selva de Pedra (1972) enquanto Pecado Capital (1975), recentemente incluída no Globoplay, foi feita às pressas.
O roteiro poderia ter ficado na gaveta para sempre, mas a Globo acabou fazendo Roque Santeiro em 1985, transformando-a num dos maiores sucessos da história da televisão brasileira.
Alguns anos depois, Benedito Ruy Barbosa, que já havia tido uma recusa para Os Imigrantes (1981) –que acabou fazendo na Band– ofereceu para a Globo uma trama que se passava no inexplorado Pantanal brasileiro.
Apesar de gostarem da ideia, os diretores da emissora sempre recusavam a produção, por motivos diversos, incluindo altos custos e dificuldades para gravações naquela localidade.
Após deixar a Globo, Benedito quase fechou com o SBT, mas acabou encontrando as portas abertas na Manchete, que produziu o folhetim em 27 de março de 1990, graças à insistência do autor. Uma nova versão da novela finalmente será exibida pela Globo em breve.
Por Amor e Laços de Família
Manoel Carlos apresentou a sinopse de Por Amor (1997) para a Globo em 1983. Em 1991, quando ele retornou à emissora após períodos na Manchete e Band, foi solicitado que ele desenvolvesse a história para a faixa das seis. Mas Maneco queria mostrá-la às oito; dessa forma, nasceu Felicidade (1991).
Depois, Por Amor quase foi feita em 1995, novamente às seis –acabou cedendo o lugar para História de Amor. A trama finalmente foi produzida em 1997, mas também correu o risco de nunca sair do papel.
Por falar em Manoel Carlos, o triângulo amoroso envolvendo Helena (Vera Fischer), Edu (Reynaldo Gianecchini) e Camila (Carolina Dieckmann) estava na sinopse original de História de Amor.
No entanto, a novela foi alterada por determinação do Ministério da Justiça. Além disso, o próprio Manoel Carlos declarou que ela não era compatível com a faixa das seis. Ficou para 2000, em Laços de Família, que poderia nunca ter existido caso o autor tivesse seguido com sua ideia na metade da década de 1990.
O Clone
Sucesso de Gloria Perez atualmente exibido no Vale a Pena Ver de Novo, O Clone tinha o islamismo entre seus temas, o que foi considerada uma abordagem delicada por muita gente dentro da Globo.
Pouco antes da estreia, para complicar, aconteceram os atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos. A mídia especulou que o assunto seria retirado do folhetim ou, até mesmo, que a novela seria suspensa –mas nada disso aconteceu.
“Não houve reunião, nem haverá alteração, porque, como já foi dito, a trama da novela é um romance”, declarou o então diretor da Central Globo de Comunicação, Luis Erlanger, ao Jornal do Brasil de 13 de setembro de 2001.
Apesar de preocupada, a emissora manteve tudo como estava: O Clone foi lançada em 1º de outubro daquele ano, fazendo muito sucesso.
Fonte: Notícias da TV