Somando quase metade dos habitantes do Estado, as dez cidades mais populosas do Ceará também correspondem, atualmente, a 61% dos casos de Covid-19 confirmados em 2022. Ou seja, de cada 100 infecções, 61 foram registradas nesse pequeno grupo. Mas como está a positividade dos testes nos municípios?
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Analisamos dados fornecidos pela plataforma IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), até a noite da última segunda-feira (17). Na taxa geral, quase 45% dos testes realizados no Estado confirmam a doença, como alertado pelo titular da Sesa, Marcos Gadelha.
O gestor alerta que o dado reflete a alta transmissibilidade da variante Ômicron, cuja circulação foi confirmada pouco antes do Natal de 2021.
De acordo com a plataforma, as cidades mais populosas têm a seguinte positividade:
Conforme o levantamento, os casos explodiram no início deste ano. Em Fortaleza, por exemplo, os registros confirmados triplicaram. Em Maracanaú, o aumento chega a ser oito vezes maior; em Quixadá, nove.
Até o momento, apenas Crato e Iguatu não ultrapassaram, nas primeiras semanas de janeiro, o total de confirmações de dezembro. Nesses dois municípios, assim como em Juazeiro do Norte, o índice de testes positivos é baixo quando comparado aos demais.
Por outro lado, Maracanaú e Itapipoca lideram o cenário entre as maiores populações do Estado, com índices em torno de 60%. Em sequência, vem Caucaia, com 55%.
Segundo o IntegraSUS, o cálculo considera o número de testes RT-PCR positivos (padrão ouro de detecção), a partir da data de início de sintomas da última semana epidemiológica, em relação à quantidade geral de testes RT-PCR realizados no município.
Ações diante do aumento
Com o aumento de casos, o Governo do Estado instalou mais seis centros de testagem no início deste ano, sendo três em Fortaleza (que agora conta com oito espaços) e os demais em Maracanaú, Juazeiro do Norte e Sobral.
Na Capital cearense, a Prefeitura também ampliou mais 100 leitos em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), além de convocar mais profissionais de saúde para atuarem no Instituto Dr. José Frota (IJF), adquirir mais de 70 mil testes rápidos para detecção de Covid-19 e reforçar disponibilizar aparelhos que medem a saturação do oxigênio em todos os postos de saúde.
A Secretaria de Saúde de Caucaia (SMS), segunda maior cidade do Estado, recomenda que os testes antigênicos sejam buscados no Hospital Abelardo Gadelha da Rocha, na Maternidade Santa Terezinha ou nas duas UPAs municipais, no Centro e na Jurema. “A SMS segue em constante contato com a equipe do Governo do Estado do Ceará, responsável pelo envio dos testes rápidos ao município para o monitoramento e recebimento de novos testes”, completa.
Em Maranguape, diante do avanço de casos, a Prefeitura afirma que iniciou reforço no quadro de profissionais do Hospital e UPA; a implantação de 16 pontos de testagem em unidades que dispõem de 3º turno; desinfecção de locais públicos; e abertura dos Postos de Saúde no feriado municipal e ponto facultativo (dias 20 e 21 de janeiro).
Já a Prefeitura de Maracanaú abriu 20 novos leitos de enfermaria exclusivos para Covid-19 no Hospital Municipal Dr. João Elísio de Holanda.
A Secretaria de Saúde de Quixadá informou que, desde as últimas semanas de dezembro de 2021, ampliou o horário de atendimento nas unidades básicas, incluindo o período noturno, bem como o número de profissionais médicos e da rede assistencial na UPA do município.
Em Itapipoca, a Prefeitura disse que tem buscado ampliar a capacidade de testes. Além do Laboratório de Análises Clínicas que já prestava o serviço, um Centro de Testagem Emergencial foi aberto para ampliar o serviço “diante da alta demanda”. Só neste ano, foram realizados 1.911 testes rápidos, dos quais 609 (31,8%) acusaram positivo. Após a confirmação, os pacientes são encaminhados para exames RT-PCR.
A reportagem entrou em contato com os outros municípios que registram alta positividade de testes e aguarda retorno.
Pouca testagem compromete análise
Desde dezembro, os atendimentos por síndromes gripais dispararam nos serviços públicos e privados do Ceará, sobretudo em Fortaleza, como resultado de uma disseminação cruzada da Ômicron e do vírus influenza H3N2.
Como os sintomas das duas doenças são semelhantes, a Secretaria da Saúde recomenda que o paciente busque realizar um teste para descartar ou confirmar a Covid-19. Porém, cearenses têm encontrado dificuldade em encontrá-los mesmo nos serviços pagos. Assim, muitos atravessam o período doente sem saber o motivo da infecção.
“A quantidade de pessoas com sintomas gripais é muito grande, e chega um momento em que os serviços não têm condição de dar diagnóstico”, reconhece o infectologista Ivo Castelo Branco.
Contudo, para ele, as infecções têm sido “mais brandas” por causa da imunização contra a Covid.
A defasagem na realização de testes também compromete a análise da real situação de disseminação da doença no Estado, como avalia o também infectologista Robério Leite, professor de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC).
“Sem testes realizados em massa, fica muito difícil estabelecer isolamento de maneira eficaz e de entender adequadamente a situação epidemiológica e, assim, determinar política de contenção da pandemia mais acertadas”, pondera.
Mesmo percebendo pouco reflexo em internações mais graves, devido ao aumento dos atendimentos na rede pública de saúde, o Governo do Estado anunciou a ampliação de 452 leitos de UTI e enfermarias para tratar síndromes gripais em todo o Ceará.
Proteção contínua
As autoridades municipais, estaduais e especialistas em saúde reforçam que o momento é de atenção e orientam à população a manter boas práticas preventivas contra a gripe e a Covid:
• uso de máscaras em locais fechados e abertos com aglomeração
• utilização de álcool em gel
• lavar as mãos com frequência
• distanciamento social
Por Nícolas Paulino
Fonte: Diário do Nordeste