Alec Baldwin falou pela primeira vez sobre o incidente no qual a diretora de fotografia do filme “Rust”, Halyna Hutchins, morreu no set de filmagem após ser atingida por um tiro.
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Em entrevista à emissora americana ABC exibida nesta quinta-feira (2), o ator se emocionou e deu mais detalhes sobre sua versão do que aconteceu em 21 de outubro, além de reforçar que não puxou o gatilho da arma.
Em conversa com o apresentador do “Good morning America” George Stephanopoulos, Baldwin contou que estavam ensaiando o posicionamento em uma cena, na qual Hutchins dava instruções ao ator para poder pensar nos movimentos da câmera durante a gravação.
No vídeo abaixo, com uma chamada para a entrevista, é possível ver alguns destaques da conversa:
“Ela estava próxima à câmera, olhando para um monitor, me guiando sobre o ângulo no qual eu deveria segurar a arma”, disse o ator de 63 anos. “A arma não deveria ser disparada daquele ângulo. Estou segurando a arma onde me mandaram, que era bem abaixo do braço dela. Um ângulo que poderia nem ser filmado.”
Com isso, Baldwin afirmou que Hutchins pediu que ele engatilhasse a arma para uma cena. “Puxei o cão (do revólver) o máximo que eu podia sem engatilhar a arma”, disse ele. “Eu solto o cão e ‘bang’, a arma dispara.”
Segundo ele, todos os presentes ficaram chocados. “A arma deveria estar vazia. Me disseram que tinha recebido uma arma vazia. Ela cai, eu pensei: ‘ela desmaiou?'”
Baldwin disse também que só foi perceber o que tinha acontecido quase uma hora depois. Todos foram retirados do local enquanto os médicos cuidavam de Hutchins. A polícia chegou cerca de 15 ou 20 minutos depois e ela foi levada de helicóptero a um hospital.
Ele só descobriu que havia uma bala na arma e que a diretora de fotografia tinha morrido no final de seu depoimento à polícia. As fotos que mostravam o ator após o incidente foram tiradas momentos depois.
Na entrevista, ele também contou que não conseguiria esperar pelo fim dos processos legais e das investigações para apresentar seu lado da história.
“Acho que há uma investigação criminal. Isso pode levar um tempo. Há todos os tipos de processos civis, e sinto que há muitos equívocos”, afirmou o ator. “O departamento do xerife nem enviou ainda um relatório para o promotor. Sinto que não posso esperar que esse processo termine.”
Morte no set de filmagem
Em 21 de outubro, a diretora de fotografia Halyna Hutchins morreu após ser baleada pela arma empunhada Baldwin, durante um ensaio para as gravações do filme “Rust”, do qual o ator era também produtor.
Investigações apontam que a arma continha munição real, por mais que Baldwin tenha sido avisado por um membro da equipe que o revólver estava vazio.
Na entrevista, ele discordou da possibilidade de sabotagem levantada pelo advogado da armeira do filme, Hannah Gutierrez Reed.
“Isso é muito forçado, uma acusação gigantesca a se fazer, que alguém veio e fez algo. Com qual propósito? Para atacar quem? Para desacreditar quem? É incrivelmente provável que tenha sido um acidente.”
Ele também falou sobre o encontro com o viúvo, Matthew Hutchins, e seu filho de 9 anos. “Eles foram o mais gentis o possível”, disse o ator. “Ele falou: ‘Bem, acho que você e eu vamos passar por isso juntos’.”
Com lágrimas nos olhos, ele falou também sobre o garoto. “Esse menino não tem mais mãe. E não há nada que possamos fazer para trazê-la de volta”, disse. “Eu falei para ele: ‘Não sei o que dizer. Não sei como expressar para você o quanto eu sinto, e eu farei qualquer coisa para cooperar.”
Responsabilidade e carreira
Para Baldwin, o principal para a investigação agora é descobrir como a munição real foi parar na arma.
“Alguém é responsável pelo que aconteceu. E não posso dizer quem foi, mas eu sei que não sou eu”, afirmou.
Sobre sua carreira, disse que pode ter terminado, depois do que aconteceu em “Rust”. “Minha família é tudo o que tenho, juro por Deus. Não dou mais a mínima para a minha carreira.”
Mesmo assim, quando perguntado se sentia culpa pelo incidente, ele respondeu que “não”. “Eu poderia ter me matado se sentisse que sou responsável.”
Por fim, ele disse que acha que o que aconteceu deve mudar a maneira como filmes são feitos. “Não consigo imaginar que poderíamos fazer um filme que tenha uma arma novamente.”
Fonte: g1